Encontro com o chef

Nunca é tarde para (re)começar: chef se reinventa na pandemia

Chef ingressa no curso de gastronomia aos 50 anos e, aos 57, diante do isolamento social, vê-se obrigada a mudar os rumos do negócio

Quando o pai de Ana Cristina Alves de Faria morreu, ela tinha 10 anos e precisou trabalhar em uma casa de família para ajudar a mãe com as despesas. Um ano depois, a garota sofreu mais uma perda. Desta vez, a morte da matriarca. Órfã, passou a viver com os patrões. Fazia todos os trabalhos domésticos, mas o que gostava mesmo era de cozinhar. E, ainda criança, tornou-se cozinheira de mão cheia.

Quando completou 15 anos, Ana Cristina foi morar com uns tios, em Sobradinho, onde eles mantinham um bar. Logo, a adolescente assumiu a cozinha do estabelecimento. “Durante o dia, eu preparava as comidas. Fazia bolinho de bacalhau, frango frito, assado, chambaril, enfim, tudo o que era comida de boteco.” Autodidata, foi se apaixonando cada vez mais pelas panelas. “A minha forma de demonstrar amor pelas pessoas é cozinhando”, resume.

Depois de quatro anos trabalhando no bar dos tios, Ana Cristina resolveu seguir os próprios passos. Atuou como cozinheira em casas de família, em restaurantes, lanchonetes. Nessa época, conheceu — e encantou-se — pelo candomblé. E foi escolhida pelo orixá Oxóssi para ser iabassê — figura responsável pelos alimentos sagrados na religião.

“Depois das festas, das cerimônias religiosas, sempre temos mesas fartas. É um dos rituais mais importantes numa comunidade de terreiro. E eu sou a responsável pelo preparo desse alimento”, orgulha-se. Hoje, Ana Cristina diz que suas duas grandes paixões são a cozinha e o candomblé.

Apesar de realizada na religião e de fazer profissionalmente o que mais amava, a cozinheira cultivava um sonho: cursar uma faculdade de gastronomia para aprender e aperfeiçoar técnicas culinárias. “Só que os custos eram muito altos, e eu sempre acabava desistindo.” Há sete anos, porém, quando trabalhava no Senac, finalmente, conseguiu ingressar no curso, no UniCeub. “Eu tinha 50 anos. A turma era formada, basicamente, por gente jovem, mas segui em frente”, relembra.

Reinventando-se

Em 2015, com o diploma nas mãos, a agora chef foi atrás de mais um sonho: montar o próprio negócio. Assim, começou a trabalhar com dietas personalizadas. Ela ia à casa do cliente e preparava as refeições, que podiam ser congeladas ou consumidas frescas. Quando estava com um bom número de fregueses, veio a pandemia. “Sou diabética, do grupo de risco, não podia me arriscar ou expor os clientes indo à casa deles.”

Assim, de repente, Ana Cristina se viu sem emprego. “Passei alguns meses paralisada, sem saber o que fazer. Tive, inclusive, um início de depressão, até que veio a ideia de preparar as refeições, também de forma personalizada, na cozinha da minha casa.”

O serviço oferecido pela chef funciona da seguinte forma: o potencial cliente responde a um questionário e, com base nas respostas, ela prepara duas opções de cardápio, com opções de almoço, jantar ou lanche para sete ou 15 dias. Entre os menus, há o tradicional, fit e/ou low carb, vegano, vegetariano, zero glúten, zero açúcar ou de dieta, conforme orientação do nutricionista do cliente.

Escolhido o cardápio, a chef passa a lista de compras para o cliente, que leva os ingredientes à casa dela, na Asa Sul, e, ao fim do dia, busca as refeições já prontas e embaladas. “Eu higienizo tudo, organizo, cozinho e embalo. Caso sobre ingredientes, devolvo ao cliente.”

Por meio do boca a boca, Ana Cristina formou uma clientela cativa. “Noto que as pessoas estão mais preocupadas em comer bem, de forma saudável. Estão evitando frituras, carboidratos”, constata. E, assim, ela, que começou a trabalhar aos 10 anos e entrou na faculdade aos 50, não teve medo de se reinventar aos 57.

Filé de Salmão ao forno com ervas

Arquivo pessoal - Filé de salmão assado com ervas

Ingredientes
1 filé alto de salmão fresco
Pimenta-do-reino
Sal
Cebola
Tomate
Alecrim
Pimenta biquinho
Azeite de oliva

Modo de preparar
Tempere o filé de salmão com sal, pimenta e alecrim. Deixe marinando por 30 minutos.
Corte a cebola e o tomate em rodelas. Forre a forma com duas rodelas de tomate. As rodelas serão a base do peixe para não grudar.
Coloque o filé temperado em cima das rodelas de tomate. Tempere com azeite de oliva, e decore com rodelas de cebolas, pimenta biquinho, pimenta-do-reino e ramos de alecrim.
Leve ao forno preaquecido (temperatura média de 180°). Cubra com papel-alumínio e asse por aproximadamente 20 minutos.
Esse prato pode ser servido quente ou poderá ser congelado. A receita faz parte do cardápio fit — alimentação saudável, nutritiva, leve e de preparo rápido.

Serviço
Instagram: @chefanacristina
WhatsApp: 9 9176-9137