Na infância, experiências lúdicas que afloram a imaginação são fundamentais para o desenvolvimento saudável. Por isso, é ideal que as crianças tenham um cantinho particular que as deixe livres para soltar a criatividade e adentrar universos fantasiosos. “É muito importante criar uma atmosfera que incentive e convide as crianças a uma imersão em fantasias e sonhos, servindo também como cenário para histórias e brincadeiras”, destaca Sylvia Gracia, consultora de marketing, cor e conteúdo da Suvinil.
Para a designer de interiores Ericka Sales, do Studio João & Maria, assim como o casal dispõe do próprio reduto, os pequenos precisam de um espaço só deles. “O quarto da criança é o mundo dela, toda a criatividade e potencial que ela possui vão ser promovidos ali dentro. Ao projetar um quarto, precisamos passar um sentimento de pertencimento”, detalha.
A designer acrescenta que a necessidade de um espaço para as crianças exercerem as atividades de rotina ganhou ainda mais relevância na pandemia. “Antes, elas ficavam muito tempo fora, na escola ou em outras atividades. Mas, agora, por estarem mais tempo em casa, é preciso ter um espaço pensado para elas, em que possam brincar, ficar com o pé no chão, desenhar, dançar.”
Ambientes personalizados
Imprimir a identidade de cada criança no quarto ao criar ambientes personalizados com elementos diferentes é o que inspirou a arquiteta Thais Braga a criar uma lojinha com produtos de decoração infantil, a Ninho design infantil. Ao perceber a carência do mercado brasiliense por peças destinados ao público infantil, ela decidiu inaugurar uma loja virtual.
Atualmente, vende não só para Brasília, como também para todo o país. Segundo ela, o segredo da expansão do negócio é o interesse das mães pela personalização. “A gente pode inventar do zero tudo que a mãe tem na cabeça.” Além da venda dos itens decorativos, Thais presta consultoria às mães em busca de um ambiente perfeito para os bebês que estão a caminho. Para ela, a principal missão da decoração infantil é trazer elementos diferenciados que ajudem a garotada no processo criativo: “Quanto mais o local motivar a criar, mais a criança se desenvolve”.
Com esse propósito, Thais aconselha a utilização de quadrinhos decorativos com ilustrações infantis para instigar a imaginação, cores pastéis para trazer harmonia e profundidade, além de um espaço livre no quarto para brincadeiras. O espelho também é um item importante a ser incorporado ao ambiente, pois permite que a criança se veja e se reconheça à medida que cresce.
Funcionalidade dupla
Se o quarto for destinado a um bebê, outros elementos entram em cena. Além de atender às questões do pequenino, as particularidades da mãe devem ser contempladas. “O diferencial do quarto do bebê é que a gente tem que pensar tanto no bebê quanto na mãe, porque é um espaço onde os dois vão passar muito tempo. Então, além de bonito, ele tem que ser prático, aconchegante e de fácil utilização”, afirma Ericka.
Os espaços de circulação, por exemplo, precisam ser bem pensados, assim como a setorização do ambiente para cada atividade, como a mamada, a troca do bebê e a dormida. Segundo ela, os itens que não podem faltar são o berço, ou a cama montessoriana, a poltrona de amamentação e o trocador.
A segurança do bebê é outro aspecto que deve ser levado em consideração. A designer recomenda que o berço seja certificado, os móveis sejam baixos e tenham quinas arredondadas, como, também, fiquem situados longe da janela. “O ideal é evitar colocar o trocador ou a poltrona de amamentação perto da janela, porque quando a criança fica maiorzinha ela pode subir na poltrona e alcançar a janela”, ilustra.
Ademais, é bom optar por mobílias que tenham a altura da criança para que ela possa se movimentar à vontade. “Ela tem que se sentir bem ali dentro. É importante que possa se movimentar sem a necessidade de alguém ficar vigiando o tempo inteiro”, ressalta.
Em relação às questões práticas, Ericka acredita que é importante aproveitar ao máximo a luz solar dentro do espaço para que a garotada possa perceber a variação do dia e da noite. “Eu não gosto muito de colocar blackout na cortina, pois a criança precisa se adaptar à rotina da casa. Fazemos o processo de educação, deixando a luz entrar quando for de manhã e tornando o ambiente escuro quando for a hora de dormir”.
Fases de desenvolvimento
Quem é adepto ao reaproveitamento e já pensa no futuro deve ter em mente as fases de desenvolvimento da criança ao montar o quarto. “Quando ela está saindo da primeira infância, já começamos a pensar em um espaço para estudos, uma bancada, móveis que sejam readaptáveis para acompanhar o crescimento da criança”, explica Ericka. De acordo com a designer, comprar um berço que possa virar minicama ou um trocador que possa ser utilizado como cômoda, ou até uma bancada que possa se transformar em mesa de estudos são boas opções.
Pensando em fases de crescimento, a arquiteta Thais Braga selecionou os dois elementos-chaves que devem figurar no quarto do bebê: “A luminária, por conta da iluminação e das cores, que trazem curiosidade, e o móbile, que traz movimento, fazendo com que o bebê que está no berço tenha vontade de pegar”. Já a partir dos 4 anos, o quadro decorativo é o que se destaca, enquanto acima dos 6 anos, até a pré-adolescência, o espelho é o item de maior valor.
Para ela, é bom apostar em detalhes criativos que vão dar um toque imaginativo ao ambiente. “Um item bacana é a régua de crescimento, porque vai acompanhando a criança ao longo do desenvolvimento. Eu vejo muitas pessoas falando que gostaram da régua, até porque assim elas se motivam mais a praticar esportes e se alimentar para poder crescer”.
Tendências e inspirações
“A infância é marcada pela imaginação e pelo fascínio com o universo dos desenhos, contos e magia”, afirma Sylvia Gracia, da Suvinil. Nessa perspectiva, os efeitos de pintura podem transmitir essas características na decoração de quartos de crianças. “São opões criativas e modernas e transmitem boas sensações, trazendo identidade ao ambiente de acordo com a personalidade da criança”.
Entre os tipos de efeitos estão os desenhos geométricos e as pinturas orgânicas, que seguem em alta pelo caráter artístico. Há ainda os desenhos proporcionados pelo uso de stencils, moldes feitos com recortes em papel ou acetatos, que permitem um padrão de forma prática e tradicional. “Com essa alternativa, é possível criar desde um céu estrelado, nuvens ou folhas, até pequenos triângulos por toda parede”, elenca.
Outra possibilidade é aliar o papel de parede à tinta para garantir equilíbrio entre cores e estampas de maneira simples e elegante. Quem gosta de botar a mão na massa pode optar pelo serviço da tinta Lousa & Cor, que transforma as paredes em uma tela para desenhar, escrever e criar. “Esta é uma forma de estimular o lado criativo das crianças todos os dias, com tranquilidade e sem medo de errar, já que os desenhos podem ser apagados para dar lugar a novos traços”, sugere.
No que diz respeito à coloração, Sylvia orienta que é preciso entender quais sensações o consumidor busca por meio da cor, pois cada criança demanda um estímulo diferente. Quanto aos temas tendência, as criações inspiradas na natureza são bem-vindas: “Elas oferecem possibilidades infinitas, sejam com detalhes de folhagens e flores ou que remetam ao céu ou ao mar. No mesmo estilo, é possível variar com animais, que são ótimos ponto de partida”.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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