Encontro com o chef

Nunca é tarde para (re)começar: chef se reinventa na pandemia

Chef ingressa no curso de gastronomia aos 50 anos e, aos 57, diante do isolamento social, vê-se obrigada a mudar os rumos do negócio

Sibele Negromonte
postado em 07/02/2021 08:00
Ana Cristina Faria começou a preparar em casa dietas personalizadas -  (crédito: Arquivo pessoal)
Ana Cristina Faria começou a preparar em casa dietas personalizadas - (crédito: Arquivo pessoal)

Quando o pai de Ana Cristina Alves de Faria morreu, ela tinha 10 anos e precisou trabalhar em uma casa de família para ajudar a mãe com as despesas. Um ano depois, a garota sofreu mais uma perda. Desta vez, a morte da matriarca. Órfã, passou a viver com os patrões. Fazia todos os trabalhos domésticos, mas o que gostava mesmo era de cozinhar. E, ainda criança, tornou-se cozinheira de mão cheia.

Quando completou 15 anos, Ana Cristina foi morar com uns tios, em Sobradinho, onde eles mantinham um bar. Logo, a adolescente assumiu a cozinha do estabelecimento. “Durante o dia, eu preparava as comidas. Fazia bolinho de bacalhau, frango frito, assado, chambaril, enfim, tudo o que era comida de boteco.” Autodidata, foi se apaixonando cada vez mais pelas panelas. “A minha forma de demonstrar amor pelas pessoas é cozinhando”, resume.

Depois de quatro anos trabalhando no bar dos tios, Ana Cristina resolveu seguir os próprios passos. Atuou como cozinheira em casas de família, em restaurantes, lanchonetes. Nessa época, conheceu — e encantou-se — pelo candomblé. E foi escolhida pelo orixá Oxóssi para ser iabassê — figura responsável pelos alimentos sagrados na religião.

“Depois das festas, das cerimônias religiosas, sempre temos mesas fartas. É um dos rituais mais importantes numa comunidade de terreiro. E eu sou a responsável pelo preparo desse alimento”, orgulha-se. Hoje, Ana Cristina diz que suas duas grandes paixões são a cozinha e o candomblé.

Apesar de realizada na religião e de fazer profissionalmente o que mais amava, a cozinheira cultivava um sonho: cursar uma faculdade de gastronomia para aprender e aperfeiçoar técnicas culinárias. “Só que os custos eram muito altos, e eu sempre acabava desistindo.” Há sete anos, porém, quando trabalhava no Senac, finalmente, conseguiu ingressar no curso, no UniCeub. “Eu tinha 50 anos. A turma era formada, basicamente, por gente jovem, mas segui em frente”, relembra.

Reinventando-se

Em 2015, com o diploma nas mãos, a agora chef foi atrás de mais um sonho: montar o próprio negócio. Assim, começou a trabalhar com dietas personalizadas. Ela ia à casa do cliente e preparava as refeições, que podiam ser congeladas ou consumidas frescas. Quando estava com um bom número de fregueses, veio a pandemia. “Sou diabética, do grupo de risco, não podia me arriscar ou expor os clientes indo à casa deles.”

Assim, de repente, Ana Cristina se viu sem emprego. “Passei alguns meses paralisada, sem saber o que fazer. Tive, inclusive, um início de depressão, até que veio a ideia de preparar as refeições, também de forma personalizada, na cozinha da minha casa.”

O serviço oferecido pela chef funciona da seguinte forma: o potencial cliente responde a um questionário e, com base nas respostas, ela prepara duas opções de cardápio, com opções de almoço, jantar ou lanche para sete ou 15 dias. Entre os menus, há o tradicional, fit e/ou low carb, vegano, vegetariano, zero glúten, zero açúcar ou de dieta, conforme orientação do nutricionista do cliente.

Escolhido o cardápio, a chef passa a lista de compras para o cliente, que leva os ingredientes à casa dela, na Asa Sul, e, ao fim do dia, busca as refeições já prontas e embaladas. “Eu higienizo tudo, organizo, cozinho e embalo. Caso sobre ingredientes, devolvo ao cliente.”

Por meio do boca a boca, Ana Cristina formou uma clientela cativa. “Noto que as pessoas estão mais preocupadas em comer bem, de forma saudável. Estão evitando frituras, carboidratos”, constata. E, assim, ela, que começou a trabalhar aos 10 anos e entrou na faculdade aos 50, não teve medo de se reinventar aos 57.

Filé de Salmão ao forno com ervas

Filé de salmão assado com ervas
Filé de salmão assado com ervas (foto: Arquivo pessoal)

Ingredientes
1 filé alto de salmão fresco
Pimenta-do-reino
Sal
Cebola
Tomate
Alecrim
Pimenta biquinho
Azeite de oliva

Modo de preparar
Tempere o filé de salmão com sal, pimenta e alecrim. Deixe marinando por 30 minutos.
Corte a cebola e o tomate em rodelas. Forre a forma com duas rodelas de tomate. As rodelas serão a base do peixe para não grudar.
Coloque o filé temperado em cima das rodelas de tomate. Tempere com azeite de oliva, e decore com rodelas de cebolas, pimenta biquinho, pimenta-do-reino e ramos de alecrim.
Leve ao forno preaquecido (temperatura média de 180°). Cubra com papel-alumínio e asse por aproximadamente 20 minutos.
Esse prato pode ser servido quente ou poderá ser congelado. A receita faz parte do cardápio fit — alimentação saudável, nutritiva, leve e de preparo rápido.

Serviço
Instagram: @chefanacristina
WhatsApp: 9 9176-9137

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