Os olhos secos podem comprometer a saúde da córnea e afetar qualquer pessoa em diferentes fases da vida. Os principais motivos são clima seco, tempo excessivo em ambientes com ar-condicionado, poluição, agentes químicos, uso prolongado de lentes de contato e de tecnologias eletrônicas, como telas de smartphone, tablet e laptop.
De acordo com Micheline B. Lucas Cresta, oftalmologista no Hospital de Olhos (Inob), o ressecamento da superfície ocular ocorre pela produção insuficiente ou evaporação excessiva das lágrimas. “A causa mais frequente dessa evaporação excessiva é decorrente de um quadro denominado disfunção das glândulas de Meibomius”, explica a médica.
Segundo ela, a obstrução dos orifícios dessas glândulas impede a liberação da parte lipídica da lágrima, componente que a estabiliza e impede a evaporação. “Com a progressão do quadro, há alteração na composição dos lipídios e atrofia das glândulas”, detalha.
A exposição diária aos eletrônicos é um dos principais fatores que contribui para o ressecamento. Segundo Tiago Ribeiro, oftalmologista no Visão Hospital de Olhos, como, durante a pandemia, a população teve que se adaptar ao trabalho em casa, o período em frente às telas aumentou. “A pessoa pisca menos vezes por minuto quando está em frente às telas e, com isso, o olho pode ressecar, mesmo se não tiver nenhuma outra causa de base”, esclarece.
Para evitar que isso aconteça, o oftalmologista recomenda paradas regulares a cada 20 minutos. “Faça uma pequena pausa de três a cinco minutos e olhe para longe. Pode fechar um pouco os olhos para descansar dessa exposição”, recomenda o médico.
Os grupos mais afetados são os idosos e as mulheres após a menopausa. O envelhecimento deixa a pele mais flácida e, consequentemente, a anatomia das pálpebras muda. Já na pós-menopausa, acontece uma grande mudança hormonal que reduz a qualidade da lágrima, deixando-a com menos lipídios e mais água.
Tiago ressalta que é importante ficar atento aos sinais. Se os incômodos na região acontecem diariamente, deve-se recorrer a um profissional da área. “Existem casos em que o paciente está começando um problema de olho seco muito leve, a gente identifica logo e trata com mais facilidade”, afirma. “Também há casos de infecções parasitárias da pálpebra que fica na base dos cílios. Às vezes o paciente não se consulta, mas a coceira e a irritação são frequentes e, quando faz o exame oftalmológico, é possível ver o parasita.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte