Férias chegando e, depois de enfrentar um ano tão atípico, em que a rotina de treinos nem sempre foi seguida à risca, não dá nem para pensar em parar de malhar. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, semanalmente, tenhamos um volume de atividade física moderada de 150 a 300 minutos ou de 75 a 150 minutos de atividade intensa, quando não houver contraindicação”, reforça Guilherme Solano, capitão de Polícia Militar e bacharel em educação física.
Ele observa que, se não respeitar o volume e a intensidade, será um eterno recomeço de treinamento, ou seja, mais dores musculares, readaptação, riscos de lesões, etc. “Em média, após três semanas sem praticar exercícios físicos regularmente, nosso corpo entra em um processo chamado de destreinamento, por isso, é importante respeitar um novo período”, explica Welbert Lucas da Silva de Lima, bacharel em educação física.
Se a parada for inevitável, o retorno deve ser progressiva: “Não utilize o mesmo peso que usava nem corra na mesma intensidade que corria antes”, aconselha Welbert. Segundo ele, cada um deve respeitar os próprios limites. E, caso esteja se recuperando de alguma doença, como a covid-19, os cuidados devem ser redobrados. “Muitos tiveram comprometimento das funções pulmonares e relatam cansaço. Procure se exercitar em ambientes bem arejados e evite treinos em alta intensidade. Além de procurar ajuda profissional.”
O gerente comercial Athos de Souza Corrêa, 34 anos, exercita-se cinco vezes na semana. “Parei de malhar, durante a pandemia, por três semanas. Quando as academias fecharam, tive de treinar sozinho em casa ou ao ar livre”, conta. Ele diz que foi muito difícil manter a motivação, mas acredita que conseguiu se manter ativo. “Faço atividades como crossfit, corrida, exercícios funcionais e skate.”
De volta à rotina
Para o personal trainer Lucas de Sousa, não existe um padrão para o corpo voltar a se acostumar depois de uma pausa, pois isso varia de indivíduo para indivíduo. É preciso entender que o corpo precisa se readaptar à rotina. “Comece devagar, reduzindo a carga de treino e descansando o tempo necessário, respeitando o limite do corpo”, enfatiza. Ele sugere que quem passou por alguma enfermidade tenha aval médico antes de voltar.
Para Lucas, neste período em que estamos, é comum o fator motivacional ser abalado. “Não é fácil ficar em casa o tempo inteiro, mas temos de entender que a saúde deve ser a nossa maior motivação. Em tempos de pandemia, quem tem saúde tem tudo”, afirma.
“Lembre-se que existem dezenas de modalidades de treinos (corrida, musculação, dança, natação, pilates, ioga e lutas) que ajudarão você a vencer o desânimo e a preguiça”, Guilherme Solano faz coro. Segundo ele, é preciso compreender os benefícios de se manter ativo. “Ajuda na autoestima, contribui com a prevenção de doenças, garantindo mais qualidade de vida e longevidade.”
Welbert Lucas, que é diretor operacional da academia Vida Fit, diz que não existe desculpa para parar de se exercitar — nem mesmo a dor sentida no retorno. “Chamamos esse processo de dor muscular de início tardio ou DMIT, normalmente ocorre entre 24 e 72 horas após a prática e pode persistir por até sete dias.”
Se a dor muscular for suportável, não existe contraindicação para continuar se exercitando. “Tomar analgésicos atrapalhará os resultados. Exercícios como caminhar ou pedalar entre 10 e 15 minutos de forma leve podem ajudar no alívio das dores”, expõe Welbert. “Aplicar gelo, massagear e, principalmente, beber muita água podem aliviar a dor. Só faça uso de medicação com prescrição médica”, enfatiza Guilherme.
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