Versátil, a uva-passa combina com várias preparações, como pães, saladas, arroz, massas, carnes e sobremesas. Ainda podem ser consumidas de forma isolada ou combinadas com outros frutos secos e sementes. Essa fruta pequena e especial é muito consumida no Natal e, quando chega esta época, torna-se até protagonista de memes nas redes sociais, com brincadeiras do tipo: “Ceia de Natal chegando...tem uva-passa no arroz” ou “Vai colocar uva-passa em tudo?”.
“A origem delas vem dos tempos pré-históricos, quando as uvas que caíam das videiras secavam ao Sol naturalmente. Ao consumirem, aquelas populações a consideraram agradáveis ao paladar e, assim, elas passaram a fazer parte da alimentação até os dias hoje”, explica a nutróloga Marcella Garcez. De acordo com ela, atualmente, as uvas são produzidas no mundo todo e desidratadas artificialmente, com o propósito de poderem ser armazenadas por um período mais longo. “E, também, para serem transportadas para grandes distâncias.”
Assim como a uva in natura, mesmo menor e desidratada, a passa tem vitaminas A e do complexo B, além de sais minerais, como fósforo, cálcio, ferro, zinco, magnésio, manganês e um alto teor de fibras. “Também conta com um poderoso polifenol com ação antioxidante e anti-inflamatória: o resveratrol”, afirma a nutricionista Ingrid Albuquerque.
Essa pequena frutinha pode beneficiar a saúde por várias razões. “O alto teor de fibras auxilia no funcionamento intestinal. É uma ótima fonte de energia, por conta da concentração de glicose e frutose, e, devido às vitaminas e aos minerais presentes, favorece o fortalecimento do sistema imunológico”, detalha. Outros motivos para o consumo são: “Previne doenças como osteoporose, glaucoma, enfermidades cardíacas, entre outras. E os fitonutrientes contidos na fruta possuem ação antioxidante, anti-inflamatória e antibacteriana”, complementa Ingrid, graduada pela Universidade Católica de Brasília (UCB).
A publicitária Anita Ribeiro, 41 anos, conta que, durante as festas de fim de ano, coloca uva-passa em quase todas as receitas. “Gosto de várias, mas ultimamente ando apaixonada pela farofa de castanhas com a fruta”, diz. Ela não conhece o valor nutricional da fruta, mas faz suposições. “Imagino que seja semelhante ao da uva, porém, mais calórico.”
Vá com calma!
E ela tem razão. Devido ao processo de desidratação, há uma maior concentração de glicose e frutose quando comparada à fruta in natura. “Essa alta concentração de açúcar e carboidratos existentes pode favorecer o excesso calórico e o aumento da glicemia”, afirma a nutricionista. Ela informa que outro aspecto relevante a ser levado em conta é que o alto teor de fibras pode trazer efeito laxativo, que, dependendo do caso, pode não ser interessante.
Por concentrar açúcares — praticamente 60% de seu peso —, as uvas-passas têm grande concentração calórica, quase 300Kcal por 100g do alimento. “Portanto, devem ser consumidas com moderação. Uma boa quantidade para uma pessoa adulta é uma colher de sopa (10g) ao dia”, explica a nutróloga Marcella Garcez.
As passas pretas são obtidas de uvas escuras e as brancas, das do tipo branca. São de espécies diferentes, passam por processos de maturação distintos e os sabores não são iguais. “Quanto às propriedades nutricionais, a uva-passa preta tem maior quantidade de polifenóis, entre eles o resveratrol, com muitas propriedades e benefícios à saúde pelos efeitos antioxidante e cardioprotetor”, expõe a nutróloga. As uvas-passas brancas também têm polifenóis, mas, como nos frutos “in natura”, em quantidade menor.
A nutricionista Ingrid Albuquerque enfatiza que a uva-passa preta é um antioxidante com ação anti-inflamatória que estimula enzimas que são essenciais ao “reparo e conserto” do DNA, prolongando a vida celular. “Está envolvida no rejuvenescimento da pele e oferece proteção contra doenças cardiovasculares. Quanto mais vibrante a cor da casca, maior será o poder do antioxidante.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte