As cores ditam as tendências e influenciam a criação de produtos em diversos setores, como a moda, a beleza, a arquitetura e a decoração. Em razão do papel relevante que desempenham no universo criativo, anualmente, a “cor do ano” é escolhida com o intuito de traduzir a época e entender as tendências culturais das próximas temporadas. Desde 1999, o Instituto Pantone, uma das empresas de consultoria de cores mais importante do mundo, é o responsável por realizar essa seleção.
No ano de 2021, a paleta que vai prevalecer é formada por duas tonalidades: o ultimate gray, um tom de cinza sólido, e o iluminating, um amarelo quente e ousado, combinando elegância com personalidade. Para a arquiteta Letícia França, da Lelalo Arquitetura, a escolha foi uma combinação feliz. “O cinza traz uma elegância para os espaços que poucas cores podem proporcionar. Já o amarelo leva humor, alegria.”
Segundo a arquiteta Isabella Nalon, ao olhar para o cenário atual, era de se esperar a escolha de uma cor quente, que remetesse a pensamentos positivos e de esperança. “O tom de amarelo cria um contraponto com este momento que a gente está vivendo. É uma cor que evoca o que estamos precisando”, aponta.
Para Isabella, enquanto o amarelo proporciona luz, alegria e aconchego, o cinza é uma base neutra que permite diversas combinações e uma maior versatilidade. “Eu brinco que o cinza é o novo bege. Na década de 1990, o bege era muito usado. E nos últimos 10 anos, a gente vê muito a substituição dele pelo cinza, uma cor que vai muito bem com amarelo.”
Cuidados e possibilidades
A principal vantagem dessa paleta de cores é que ela não possui restrições, além de poder ser incorporada aos mais diversos ambientes: desde quartos até lavabos. Contudo, Isabella ressalta que se deve tomar cuidado na utilização do amarelo em ambientes de longa permanência, que atraem o olhar com mais frequência.
“Em um quarto, por exemplo, o uso do amarelo pode cansar. Mas isso depende muito do perfil, da personalidade e do estilo do projeto. Dentro do estilo de cada um, seja ele clássico, rústico ou contemporâneo, a gente procura trabalhar com a cor da melhor maneira”, esclarece.
O gosto pessoal também deve ser levado em consideração para a composição das cores no ambiente. No caso de clientes com perfis mais discretos, abusar do amarelo não é o ideal. A arquiteta Letícia recomenda a aplicação nos detalhes, apostando em mudanças simples, sem necessidade de muita intervenção.
“Se for uma pessoa discreta, apostar em um cinza geral com toques de amarelo pode ser uma saída mais tranquila. Deve-se pensar em uma mudança simples, como uma roupa de cama amarela com uma cabeceira cinza. Eu acredito que dá para brincar com essas cores, sem necessariamente ter de transformar 100%.”
Já para os clientes mais arrojados, uma parede ou um sofá amarelo são boas opções. Na visão dela, as alternativas são inúmeras e o céu é o limite.
Impactos no mercado
O lançamento de produtos que exploram as tonalidades e tendência é um processo natural. “A gente vai ver muitos produtos e elementos aparecendo no mercado nessas cores, como louças e móveis, o que, indiretamente, vai influenciar o gosto das pessoas”, afirma Letícia. De acordo com a arquiteta Pati Cillo, essas cores vão marcar presença em 2021 e despertar a atenção. “Acredito que muita gente vai aceitar essa combinação em ambientes mais descolados e/ou casas de praia.”
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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