Durante a pandemia, as paredes do lar tornaram-se o único cenário visível para muita gente. Entre os que continuam isolados, evitando sair a não ser quando extremamente necessário, são quase 10 meses dentro de casa. As pequenas reformas de interiores se tornaram uma constante e muita gente aproveitou para criar cômodos, como escritórios e cantinhos do descanso. Nesses cenários, as cores das paredes e do teto são grandes aliadas e podem fazer toda a diferença na decoração.
“A cor traduz sensações, memórias afetivas e desperta sentimentos. Existe a psicologia das cores que analisa o efeito de cada uma delas, mas existe também a relação pessoal de cada indivíduo com determinado tom”, ressalta Sylvia Gracia, consultora de marketing, cor e conteúdo da Suvinil, demonstrando que a cor do cômodo onde passamos a maior parte do dia interfere diretamente no estado de espírito.
Patrícia Fecci, gerente de marketing para serviços de cor e design da Sherwin-Williams, acrescenta que o design afetivo ganha cada vez mais espaço e que as cores são fundamentais nesse processo. “Elas ajudam a criar uma conexão afetiva, trazendo a personalidade do morador para o espaço decorado sem grandes reformas, apenas com a pintura.”
Para os brasilienses, afastados das cores da cidade e observando o céu apenas através de janelas, colocar o cerrado dentro de casa é uma das maneiras de manter a conexão com a cidade que está do lado de fora.
A Meia-luz, eleita cor do ano de 2021 pela Suvinil, é um que remetem a Brasília. O tom crepuscular assemelha-se ao nosso icônico pôr do sol e aos fins de tarde observando o céu. Ao combiná-lo com outros medianos, é possível levar a capital para dentro de casa. Sylvia ensina que, ao escolher as cores para as paredes, é importante exercitar o autoconhecimento e descobrir o que faz bem a você.
Tons azulados, usados como complemento, refletem o céu e podem ser mais escuros ou claros. A mistura com marrons lembra a vegetação do cerrado, que pode vir, também, por meio de verdes e amarelos.
Patrícia sugere, ainda, a combinação de cores que remetem aos pontos turísticos e à culinária regional em peças de decoração típicas da cidade, garimpadas em feiras de artesanato, por exemplo. Tons quentes, como o Nascer do Sol SW 6668 e o Luz do Sol SW 9020, ajudam a incorporar nuances do Sol ao longo do dia nos ambientes.
Michell Lott, consultor de cores da Suvinil, define Brasília como uma cidade ímpar e que tem uma estética de cor que pode ser traduzida com sucesso dentro de casa. “É uma cidade que traz esses brancos orgânicos e pigmentados, com um pouco de cor, meio amarelados ou avermelhados, na arquitetura. E é possível levar essa leveza e clareza para a parede de casa”, afirma.
O consultor reforça que, em se falando de Brasília, o céu é um protagonista. Dessa forma, tons que remetem a ele, como os azuis e crepusculares, são ótimas escolhas para quem quer reproduzir a beleza nas próprias paredes. “A Meia-luz, por exemplo, traz esse momento de mudança que vivemos hoje, simbolizando a transição entre o dia e a noite.”
As cores e a pandemia
Segundo Sylvia e Michell, ao montar o catálogo de tendências para 2021 foi impossível não considerar a pandemia e todo o processo que a humanidade tem passado em 2020. “Todo mundo estava dentro de casa, observando mais os detalhes e precisando de conforto e aconchego”, avalia Sylvia. Michel observa que os tons preferidos são mais dessaturados, voltados para cores orgânicas e próximas ao que vemos na natureza, o que reflete o desejo por uma conexão mais intensa com o meio ambiente.
O consultor fala sobre os três temas principais que orientaram a paleta de cores da marca e que são baseados nas vivências únicas de 2020. O primeiro é uma volta ao passado — ao nos depararmos com crises, procuramos em nossa história um reportório de segurança. “Isso nos inspirou a investir em cores que resgatam o conforto do trabalho com madeira e fibras naturais, em tons que trazem o carvão como elemento de purificação.”
Em seguida, vem uma família de cores relacionada à retomada da consciência, do cuidado com si mesmo, com o próximo e com o planeta. Vermelhos, inspirados no barro, e terracota e verdes, na alimentação orgânica, chamam a atenção com azuis que acalmam e trazem a tranquilidade do céu. E, por fim, o terceiro tema é uma expectativa de futuro, com tons vibrantes e otimistas, como a paleta de rosas e crepusculares.
O projeto conta, também, com um documentário que mostra como a pandemia interferiu em nossos sentimentos e vivências, bem como nas tendências para os próximos anos. “É um convite para que as pessoas mergulhem em si e descubram as cores que falam com a alma delas”, completa Michel. Para assistir ao documentário acesse www.suvinil.com.br/tendencias/2021.