A moda está em constante mudança, e a pandemia do novo coronavírus acelerou algumas delas. Logo no início do isolamento social, as roupas confortáveis, em tecidos como moletom, ganharam modelagens mais arrojadas. O home office estimulou a tendência comfy, tornou-se possível estar aconchegado e fashion ao mesmo tempo.
Os meses passaram, a importância do isolamento e distanciamento continua e as temporadas fashion chegaram com a necessidade de reinvenção. As semanas internacionais de moda investiram nas transmissões on-line e as nacionais seguem o mesmo caminho. Agora, os tecidos antivirais passam a ocupar um papel de destaque nas confecções. Existentes há alguns anos, começaram a ser usados com frequências nas máscaras, constituindo uma camada extra de proteção contra o novo coronavírus.
Saindo das máscaras e migrando para outras peças de roupa, como camisetas e calçados, os tecidos antivirais parecem ter um futuro garantido. A preocupação com contaminação faz parte da rotina mundial e, mesmo após a pandemia, essa tendência deve continuar.
A Vicunha Têxtil incorporou duas adaptações exigidas pelos novos tempos: em outubro, o primeiro desfile virtual, e a criação de peças com tecnologia antiviral. A coleção V. Tech Protective tem tecidos funcionais com propriedades antibacterianas, antivirais e repelentes.
Marcas e estilistas conceituados no Brasil, como Jal Vieira, Issac Silva, A La Garçonne e Amapô, foram convidados a criar peças antivirais e fashion.
O tecido antiviral
A marca Insider Store foi uma das primeiras a lançar tecidos antivirais no Brasil. Já em abril, apostou que um tecido com maior potencial de proteção poderia ajudar as pessoas a manterem tanto a saúde física quanto a mental, aumentando a sensação de segurança. “É legal pensar que ajudamos a salvar vidas de uma forma preventiva, ajudando os clientes a permanecerem seguros quando precisam sair”, diz Yuri Gricheno, um dos sócios da grife.
Ele explica que o tecido é criado com nanopartículas de prata que, se aplicadas de forma correta, têm efeito antiviral, antibacteriano e antimicrobiano. Ao entrar em contato com o tecido enriquecido, os micro-organismos são atraídos pela prata, que desativa a camada lipídica e impede que o material genético do vírus, por exemplo, seja levado adiante.
O objetivo do tecido, explica Yuri, é evitar que as pessoas tenham contato com o vírus nas peças de vestimenta, diminuindo, assim, as chances de contaminação cruzada. As camisetas foram escolhidas como foco por serem um dos itens de roupa que as pessoas mais tocam enquanto usam.
No caso das máscaras, o material evita que a mão da pessoa seja contaminada em momentos de ajuste do equipamento de proteção, por exemplo. Além disso, elas têm maior durabilidade, podem ser usadas por um período de tempo mais longo sem a necessidade de troca.
O empresário acredita que a tendência deve se manter, e aumentar, mesmo após encontrarmos uma solução para o coronavírus. “Enxergamos as pessoas com uma preocupação bem maior quanto aos protocolos de segurança e também de higiene”, comenta.
Até no jeans!
A Riachuelo tornou-se a primeira marca de moda a lançar calças jeans com tecnologia antiviral e antibacteriana para o consumidor. A coleção também terá camisetas e máscaras com a tecnologia suíça HeiQ Viroblock by CHT, a mesma usada no desfile da Vicunha Têxtil, que garante uma taxa de proteção de 99,9% contra o novo coronavírus.
No caso do tecido suíço, dois ativos principais garantem a proteção. A prata e a vesícula lipossomal conseguem encapsular moléculas que se ligam ao vírus e atraem a camada de gordura que o reveste, tirando sua capacidade de contaminação. A tecnologia é a mesma ustilizada por outras marcas brasileiras, como a Malwee.
A Aramis também investe em uma outra forma de proteção. O acabamento antiviral usado pela grife aposta em tecnologia que rompe a membrana do vírus e bloqueia a ligação dele nas células hospedeiras.
A lógica é semelhante ao acabamento antiviral da Dalila Têxtil, usada na nova coleção da C&A. A marca investiu em camisetas e blusas de manga comprida em diferentes tons, permitindo, assim, que as pessoas possam manter o estilo ao usar roupas como proteção extra.