O nome pode parecer estranho, mas a frequência é comum entre os cães e gatos. Otohematoma, ou hematoma articular, ocorre quando há ruptura dos vasos sanguíneos e o sangue fica acumulado entre a pele e a cartilagem das orelhas dos animais. O pet, de repente, aparece com um aumento de volume em uma das orelhas ou até nas duas. Essa alteração pode acontecer por diversos fatores, principalmente devido a traumas relacionados ao excesso de coceira.
A médica veterinária Tatiana Brasil explica que as causas são diversas. “Inflamações no conduto auditivo (otites), carrapatos, corpo estranho e pólipos no canal auditivo podem induzir para que o animal apresente o comportamento de coçar excessivamente as orelhas, rompendo os vasos sanguíneos”, detalha. Traumas resultantes de brigas com outros cachorros e de brincadeiras também podem ser fatores de risco.
Existem duas fases da doença: a aguda, que é a aparição desse inchaço de coloração avermelhada, devido ao acúmulo do sangue; e a crônica, quando acontece a deposição de fibrina (proteína responsável por parar hemorragias) nas paredes do hematoma, resultando em deformação da orelha.
O otohematoma pode acontecer tanto em cães quanto em gatos, mas é mais comum em cachorros. A veterinária Camilla Fagundes Beccon conta que raças como daschund, basset hound, beagle, cocker spaniel, labrador e golden retriever são as mais acometidas, por causa do tamanho maior das orelhas. Mas todas as raças estão suscetíveis ao problema, principalmente, entre 3 e 7 anos de idades.
Se não tratado, o otohematoma pode danificar de forma permanente a estrutura da orelha do animal, formando as chamadas orelha enrugada, de repolho ou de couve-flor.
De olho nos sinais
Márcia Stamm de Barros Barreto explica que um dia a golden retriever Maggie, 6 anos, apareceu com a orelha inchada e elevada — além, disso, apresentava coceira. “Levei imediatamente ao veterinário e ele já quis interná-la para drenar o sangue da orelha. Maggie ficou internada um dia e voltou com o dreno e enfaixada, permaneceu assim durante uma semana.”
Depois da retirada da faixa, a cachorra precisou usar o funil por mais sete dias. “Após isso, tive que fazer um tratamento com pomadas, massageando as orelhas durante quase um mês”, completa Márcia. No caso da Maggie, o fator causador do otohematoma foi a otite.
Os tutores têm de ficar atentos também a alterações de cor e odor do cerúmen (cera de ouvido) durante a limpeza do pavilhão auricular do animal. Caso observem que o pet está coçando, balançando a cabeça ou demonstrando intolerância à manipulação, é preciso entrar em contato com o veterinário para o diagnóstico e o início do tratamento.
Tratamento
Tatiana Brasil destaca que o diagnóstico deve ser realizado somente pelo médico veterinário, que, durante a consulta, reunirá a história clínica do incômodo e prurido (coceira), associada à avaliação do conduto auditivo. “Não é indicada a perfuração ou aplicação de medicamentos por conta própria, isso pode piorar o quadro do animal”, ressalta.
O tratamento deve ser realizado com a correção da causa que levou ao problema, como o tratamento da otite externa, por exemplo. “Após isso, geralmente, a correção é cirúrgica para drenar o sangue acumulado na orelha”, completa Camilla Beccon. Segundo ela, apesar do incômodo, o otohematoma não é uma emergência médica e, por isso, o animal deve estar clinicamente estável para passar pelo procedimento.
Como fazer a higienização
Uma das prevenções do otohematoma é manter as orelhas dos animais limpas. Alguns cuidados são necessários no momento da higienização, como não utilizar cotonetes e outros materiais com a finalidade de limpar internamente o conduto auditivo. Além disso,
os pelos da orelha não devem ser arrancados nunca.
“O próprio conduto auditivo elimina o excesso de cera que é formado, sendo recomendado apenas a limpeza na área externa com produtos específicos para a espécie. Pode-se usar gaze ou algodão para tirar o excesso. Entre em contato com o médico veterinário que atende o animal para recomendação do produto ideal”, explica Tatiana Brasil.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte