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O seu pet dorme mal? Aprenda a decifrar o sono (e sonho) dele

O pet costuma ficar agitado enquanto dorme? Ele pode estar tendo um pesadelo. Saiba como agir

Os sonhos são experiências mentais não apenas vividas pelos humanos. Pesquisas recentes indicam que mamíferos e aves conseguem ter sonhos durante a fase de sono profundo, o chamado REM, assim como ocorre com os humanos. “Pela similaridade do ciclo do sono entre a maioria dos mamíferos, acredita-se que o cachorro e o gato também sonham”, explica a veterinária Beatrice Barbosa.

É provável que eles sonhem com cenas cotidianas e relacionadas ao dono, já que são muito ligados a ele. “Há uma hipótese de que os gatos costumam sonhar mais com atividades de caça. Um caso estudado é o do gorila Michael. Como aprendeu a se comunicar por sinais, foi relatado sonhando com o dia em que foi capturado, mesmo após ter sido resgatado, segundo a pesquisadora Penny Patterson, psicóloga americana em animais”, exemplifica.

“A maioria dos animais que convivem conosco demora por volta de 20 minutos para conseguir dormir profundamente e começar a sonhar, como cães e gatos”, explica o adestrador e especialista em comportamento animal Cleber Santos.

A estudante Marisley Oliveira, 31 anos, tutora de Slinky Tobias, 2 anos, diz que o dachshund alerquim costuma dormir na mesma hora do que ela. “Ele se mexe bastante dormindo. Às vezes, muda de posição e se levanta para fazer xixi no tapetinho ou beber água.” Ela acredita que o pet sonha muito. “Às vezes, ele fica ofegante como se tivesse querendo latir. Mas nunca o vi chorando enquanto dorme.”

Disfunção do sono

Gatos e cachorros não estão livres de problemas com o sono. “Os cães podem ter apneia, acordar durante toda a noite com dificuldade para respirar e, assim, não conseguir ter um sono reparador. Isso ocorre mais frequentemente em cachorros de focinhos achatados e em obesos ou com alguns tipos de alergia”, diz o adestrador.

De acordo com Cleber, para tratar a apneia do sono, o veterinário pode recomendar uma dieta e fazer testes de alergias ou, dependendo do problema, até uma cirurgia. Se o bichinho não dorme, é preciso descobrir a causa dessa insônia ou vocalização que atrapalha o sono. “Animais mais velhos tendem a dormir mais e podem trocar o dia pela noite. Muitas vezes, ficam desorientados pela perda gradual da visão ou apenas sem sono, por terem dormido o dia todo e um pedaço da noite”, afirma Beatrice.

Segundo ela, principalmente animais idosos, que desenvolvem uma degeneração senil, semelhante ao Alzheimer, tem o ciclo de sono e vigília alterado. “Animais muito ansiosos podem apresentar dificuldade de dormir ou de relaxar, estão sempre tensos.” A veterinária enfatiza que os pets que fazem uso de medicações controladas podem ficar mais sonolentos ao longo do dia e perder o sono à noite.

Choros, latidos e mordidas

Caso o pet chore ou rosne durante o sono, evite tocá-lo para que não se assuste ainda mais. A orientação do adestrador Cleber Santos é se ajoelhar um pouco distante dele e falar com uma voz bem baixa, deixando que volte à consciência aos poucos, sem sustos. “Em alguns casos, animais que se assustam ao acordar podem morder o tutor”, afirma o adestrador.

Para ajudar o pet, o essencial é observar o comportamento dele. “Se ele dorme o dia todo e não tem sono à noite; se, em outro momento, reclama de dor quando você tenta pegá-lo ou fazer carinho”, diz a veterinária Beatrice Barbosa, pós-graduada em acupuntura veterinária e medicina tradicional chinesa e mestranda em saúde animal. “Se o cão ou o gato sempre acorda no mesmo horário, é importante pensar se existe algum barulho que o assusta, como motos, caminhão de lixo, etc.”, complementa.

A veterinária também informa que alguns animais podem apresentar pequenas crises convulsivas durante o sono, o que não deve ser confundido com as movimentações comuns. Segundo ela, além de ir ao veterinário, é possível ajudar o bicho com problemas de sono com tratamentos integrativos, como acupuntura, fitoterapia e florais. “Essas técnicas são capazes de regular o sono e deixar os animais mais tranquilos.”

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte