Uma pesquisa recém-publicada no Cephalalgia, periódico da Sociedade Internacional de Cefaleia, aponta que a exposição à luz verde é capaz de reduzir a intensidade e frequência de crises de pessoas que sofrem de enxaqueca.
Nesse estudo, voluntários foram expostos à luz branca por um período de uma a duas horas por dia, durante dez semanas, e depois passaram pelo mesmo período de exposição à luz verde. Os pacientes expostos à luz verde apresentaram uma redução de 60% na frequência de crises, melhora na intensidade das crises, de intensidade 8 para 3,2 (escala de 1 a 10), e nos questionários de qualidade de vida, incluindo maior facilidade para dormir, exercitar-se e também trabalhar. Como esperado, não houve efeitos colaterais. Os resultados prometem uma ferramenta barata e acessível para o controle da terceira condição clínica mais prevalente no mundo afetando um bilhão de pessoas.
Um estudo anterior publicado no Brain, em 2016, havia mostrado que pacientes com enxaqueca tiveram uma redução de fotofobia e intensidade das crises ao serem expostos à luz verde. A fotofobia ocorre em 80% das crises de enxaqueca e traz limitações no dia a dia dos pacientes.
Assim como no estudo mais atual, os voluntários foram expostos a uma estreita banda de luz verde a uma determinada intensidade. Não é qualquer luz verde, não é uma lâmpada pintada de verde, e os modelos originais tinham preços inacessíveis ao consumidor. Hoje você encontra “lâmpadas da enxaqueca” na Amazon e alguns sites que custam de 20 a 289 dólares e prometem ser realmente de banda estreita semelhante aos estudos. Encontra, também, uma enorme variedade de óculos com lente verde que precisam ser testados antes de serem indicados pelos médicos.
O estudo de 2016 foi conduzido por pesquisadores de Harvard e explica bem a ciência por trás do efeito protetor da luz verde sobre um cérebro que sofre de enxaqueca. Eles mediram a magnitude dos sinais elétricos gerados pela retina, tálamo e córtex cerebral, evidenciando que a luz verde foi a que gerava menores sinais. Vale lembrar que o cérebro de um enxaquecoso é hiperexcitável. Vive-se melhor com menores estimulações elétricas. Menos luz, menos barulho, menos cheiros fortes…
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília