Afazeres domésticos são, geralmente, atribuídos a adultos ou adolescentes. Contudo, quando se trata de obrigações da casa, a criança pode, sim, ajudar os pais e, com isso, obter benefícios, como senso de responsabilidade, independência e empatia. Mas, como explicar à garotada de que a ajuda dela é necessária?
A partir dos 2 ou 3 anos, é essencial que os pais comecem a conversar com os filhos sobre suas tarefas. “Por exemplo, você pode se ajoelhar no chão e ensinar como guardar os brinquedos dentro da caixa ou colocar os livros na prateleira que alcance”, explica a psicóloga Jaqueline Zardo Cenci.
A ideia é, conforme a criança cresça, vá entendendo as tarefas domésticas. Os pais podem deliberar as responsabilidades de acordo com a faixa etária (leia quadro). “Sempre com tom de pedido de ajuda, para que ela se sinta parte daquele momento e aprenda a ajudar os outros”, completa.
Segundo Jaqueline, para não causar traumas, a linguagem deve ser clara e paciente. “Se a criança fez errado alguma tarefa, o ideal é não culpá-la. Coloque-se em um patamar igual a ela e, com uma fala adequada para a faixa etária, explique as tarefas com calma. Nunca esbraveje ou grite enquanto está chamando para fazer a obrigação”, detalha.
O ideal é também compreender que a criança não vai saber dobrar uma toalha na primeira tentativa. “Ela copia e imita tudo, então, seja o exemplo. Mesmo sendo muito pequena, a criança observa e escuta e, daqui a alguns anos, pode copiar um comportamento que os pais estão tendo hoje.”
De acordo com a pediatra Patrícia Rezende, para que a criança entenda a importância de limpar e manter a casa organizada, a dica é ensiná-la de forma lúdica. “Pode dar uma pequena vassoura na hora em que você estiver varrendo. Assim, ela poderá ajudar”, afirma a médica, que trabalha no Grupo Prontobaby. Além disso, o adulto sempre deve supervisionar e ajudar. “Caso tenha menos de 5 anos, não deixe pegar ou manusear vidros, como pratos e copos. Mas, se for de plástico, sem problemas.”
Para pediatra, não adianta pedir atividades complexas demais, pois a responsabilidade deve ser de acordo com a maturidade e as capacidades da criança. A gestora pública Liliane Dantas, 41 anos, incentiva a filha, Sofia, 9, a participar das tarefas. “Procuro fazer uma receita, assim ela participa colocando a mão na massa e ajuda nas atividades domésticas. Até porque, um dia, ela vai viver sozinha, precisa saber cozinhar e lavar a própria louça, sem depender de ninguém”, observa.
A garota ajuda a mãe a enxugar e guardar a louça, dobrar e guardar as roupas dela e jogar o lixo do banheiro fora todos os dias. “Às vezes, eu preciso supervisionar; outras, não, pois, ela é muito independente.”
Segundo Liliane, Sofia sempre gostou de ajudar, e a servidora a permite fazer diversas tarefas, desde que não envolva faca ou fogo. “Se deixar, ela põe a mão na massa mesmo. Volta e meia, aparece na hora que estamos fazendo almoço ou jantar, sempre pedindo para ajudar.”
Tarefas por faixa etária
É possível atribuir pequenos afazeres domésticos. Veja alguns exemplos de como eles poden ajudar:
2 – 3 anos
* Guardar livros e brinquedos no lugar certo.
* Colocar a roupa suja no cesto depois do banho.
* Ajudar a tirar o pó de superfícies mais baixas.
4 – 5 anos
* Colocar ração para o bichinho de estimação da família.
* Arrumar a cama.
* Ajudar a secar e a lavar louça.
* Regar plantas.
* Ajudar a preparar o lanche da escola.
6 – 7 anos
* Dobrar toalhas.
* Ajudar a varrer o chão.
* Ajudar a preparar saladas
* Recolher o lixo da casa.
8 – 9 anos
* Estender e dobrar a roupa seca.
* Tirar o pó.
* Guardar compras do supermercado.
* Colocar e tirar a mesa após as refeições.
10 – 11 anos
* Levar o cachorro para passear.
* Passar aspirador de pó nos tapetes.
* Aprender a costurar pequenos remendos.
12 anos em diante
* Limpar a cozinha.
* Ajudar a passar roupa.
* Ajudar a preparar refeições.
Fonte: Hemocord, banco de sangue e de células-tronco
Hábitos em construção
* É fato: as crianças aprendem mais com as atitudes dos pais do que com qualquer discurso. Assim, se deseja formar crianças organizadas e colaborativas, seja você mesmo uma pessoa com esse perfil! Crie o hábito de manter as coisas em ordem, jogue o lixo na lixeira, arrume a cama pela manhã, coma sempre à mesa e limpe a própria bagunça.
* Para impedir a desorganização generalizada, o ideal é criar uma cultura de organização em casa. Com esse propósito, estipule lugares específicos para guardar os objetos, determine regras de limpeza e incentive hábitos saudáveis entre os moradores. Algumas normas que não podem faltar: se sujar, limpe; se quebrar, conserte; se tirar do lugar, devolva após o uso.
* Seu filho sempre come sentado no sofá, assistindo à televisão? Pois é bem possível que essa seja a principal razão da dificuldade de manter a sala limpa! Para evitar farelos e respingos, que tal simplesmente migrar as refeições para a cozinha ou a mesa?
* Todo ano, seis mil crianças morrem e 140 mil são hospitalizadas devido à intoxicação. Nunca deixe produtos tóxicos ao alcance delas.
Fonte: UAU, empresa de produtos de limpeza.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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