Pesquisadores da Universidade da Florida submeteram crianças de 7 a 12 anos a uma prova de estresse no laboratório em que podiam contar com a presença do cão de estimação, de um dos pais ou nenhuma companhia. Os resultados mostraram que aqueles em companhia dos cães foram os que relataram menor estresse com o teste. Além disso, a menor concentração do hormônio do estresse cortisol na saliva ocorreu entre as crianças que tiveram mais interação com os cães.
Entre os adultos, sabemos que aqueles que têm um animal de estimação em casa costumam ser mais integrados à comunidade. Quanto mais participam do cuidado com o bicho de estimação, mais atitudes altruísticas eles têm na comunidade e entre amigos e familiares. Quanto maior a conexão com os bichos, maior a empatia com as outras pessoas e autoconfiança.
Pesquisas mostram também que os animais de estimação, especialmente os cães, conferem um efeito protetor ao coração. Pesquisadores de Nova York demonstraram que pacientes que têm cães sobrevivem mais após passado um ano de um infarto do coração. Nos últimos anos, diferentes grupos de pesquisadores evidenciaram que os indivíduos que têm cães apresentam um menor nível de alterações cardíacas provocadas pelo estresse.
E os efeitos positivos dos animais de estimação não param por aí. Há evidências de que a presença do animal está associada a uma menor procura por consultas médicas pelos indivíduos idosos e menor incidência de depressão.
Não estou advogando pela substituição dos amigos pelos animais. Entretanto, é razoável, hoje em dia, recomendar a uma pessoa com poucos contatos sociais, e que goste de animais, que não deixe de experimentar viver com um bichinho de estimação, pois ele pode fazer muito bem à saúde do corpo e da mente.
E o que dizer nestes tempos de pandemia? Um estudo conduzido na Inglaterra, e recém-publicado no periódico PLOS ONE, aponta que um animal de estimação em casa reduziu os efeitos psíquicos negativos, incluído o sentimento de solidão, durante o período de lockdown naquele país (23 de março a 1º de junho). Mais de 90% dos 6.000 voluntários estudados garantem que os animais ajudaram na preservação da saúde mental. O efeito não foi diferente entre as diferentes espécies: cães, gatos, pequenos mamíferos e peixes. Por outro lado, cerca 70% sentiram-se preocupados com a limitação de acesso a serviços veterinários e atividade física dos animais. Preocupados também com quem cuidaria dos animais caso contraíssem formas graves da Covid-19.
*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
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