A Fenty Beauty, marca de maquiagem da cantora Rihanna, foi lançada no Brasil em agosto e reacendeu o necessário debate sobre a diversidade nas tonalidades de maquiagem com o intuito de atender a todos os tons e subtons de pele existentes. Assim como em toda a sociedade, o mundo da beleza ainda sofre as consequências do racismo estrutural e grande parte das pessoas negras tem dificuldade para encontrar produtos como bases, corretivos e pós que se adéquem à cor de sua pele.
A cantora Rihanna foi pioneira ao lançar a Fenty, inicialmente com 40 tons de base e corretivo — e, atualmente, com 50 opções de cada um dos produtos. A Revista participou de uma masterclass com um dos maquiadores globais da marca, Hector Espinal. Além dar algumas dicas de make, ele falou sobre a importância da inclusão no mercado da beleza. “Tentamos fazer tudo da forma mais universal possível, e é muito compensador quando um cliente nos diz que, finalmente, encontrou seu tom em um produto. Recebo e-mails e mensagens falando sobre isso. Uma modelo chorou, pois nunca tinha encontrado uma base em seu tom, e eu chorei junto.”
Depois do movimento e dos debates despertados por Rihanna em 2017, outras marcas começaram a aumentar a pluralidade em seus portfólios, como a Nars, com cerca de 28 cores de corretivos e 34 de base, e o lançamento da Rare Beauty, da também cantora Selena Gomez, com 48 tons, mas ainda indisponível no Brasil.
Hector acredita que, se uma artista e cantora é capaz de iniciar esse processo e se tornar uma marca de maquiagem global, todas são capazes de se tornarem mais inclusivas em seus tons. “É sobre quem é sua marca, sobre até onde quer expandir sua história e quem e o que você quer representar no mundo”, completa.
À brasileira
No Brasil, diversas marcas também têm corrido atrás das lacunas deixadas em termos de diversidade, como a Natura, O Boticário e a Vult. A maquiadora brasiliense Dinaura França ressalta a importância desse tipo de mudança de mentalidade no mundo da beleza. Como cliente, ela destaca o quanto é constrangedor e prejudicial para a autoestima as vezes em que busca um salão ou outro profissional para se maquiar e precisa levar os próprios produtos, pois, dificilmente, existiriam opções para seu tom de pele.
Na vida profissional e pessoal, Dinaura relata que as misturinhas entre bases de tons diferentes e o uso de corretivos para consertar o tom da base são situações comuns e nada práticas. “O mais comum, principalmente para quem não tem tanto conhecimento de maquiagem e colorimetria, é que a pele fique acinzentada.”
Para ela, a chegada de mais opções é importante, apesar de saber que os preços de produtos importados acabam dificultando o acesso de grande parte da população. As produções nacionais, que buscam atender cada vez mais pessoas, e as marcas voltadas especificamente para peles negras começam a preencher esse vazio no mercado, mas é necessário que existam alternativas mais em conta. “É muito importante e significativo encontrar a sua cor em uma única base. Mas o preço é algo a ser considerado, acabamos sempre gastando mais, porque, no lugar de uma base, precisamos comprar duas ou até mais.”