Se, para muitos, a pandemia tem sido uma fase difícil no trabalho, para Amanda Barreto, foi o momento certo para se encontrar profissionalmente. Formada em direito, a jovem de 26 anos soube, ainda durante o curso, que não queria ser advogada, mas concluiu a faculdade mesmo assim. Como toca vários instrumentos e é compositora, resolveu, então, dar aulas de música, uma grande paixão, mas logo percebeu que aquele, também, não era o caminho que trilharia.
Desde a adolescência, nutria outro hobby: a gastronomia. Filha de piauiense, costumava passar as férias na casa da avó, que mora em Teresina, e cozinhar com ela. Assim, foi aprendendo pratos típicos do Nordeste e acabou se tornando a “chef” dos almoços de família. “Temos uma família grande. Antes da pandemia, costumávamos nos reunir aos domingos. Algumas vezes, até tinha ajuda na cozinha, mas, na maioria das vezes, não”, diverte-se.
Em março, logo que começou o período de isolamento, uma amiga foi almoçar na casa de Amanda e, como ela é alérgica a glúten e lactose, a jovem decidiu fazer um escondidinho de carne seca com macaxeira, bem à moda nordestina, para recebê-la. “Ela amou, disse que era o melhor escondidinho que já tinha comido na vida e publicou uma foto do prato em sua conta do Instagram.”
A postagem fez sucesso e várias pessoas procuraram a amiga de Amanda perguntando como fazer uma encomenda. “Ela foi me colocando em contato com esses interessados e eu resolvi arriscar. No primeiro fim de semana, já tinha 18 pedidos.” Com o apoio dos pais e do irmão, resolveu investir na nova atividade. “Comprei utensílios e um forno industrial. Equipei a cozinha e criei uma conta comercial no Instagram.” Surgia, assim, a Amandioca.
No início, ela só comercializava o escondidinho de carne seca, receita aprendida com a avó Brisdete. Com o sucesso, ampliou o cardápio. Hoje, são nove sabores, incluindo bacalhau, camarão, calabresa com catupiri, frango, filé com gorgonzola e siri. Recentemente, Amanda criou um recheio de shiitake e shimeji que, garante, tem sido o campeão de vendas. Os pratos acompanham arroz e batata palha, servem duas pessoas e devem ser, preferencialmente, encomendado com 24 horas de antecedência.
Planos pós-pandemia
Empolgada, a cozinheira já faz planos para quando a pandemia passar. Primeiro, quer se matricular em um curso de gastronomia para aprimorar as técnicas e aumentar o conhecimento culinário. “Sempre fui muito curiosa, leio e assisto a muitos programas e vídeos de culinária, sem falar em tudo o que aprendi com a minha avó, mas preciso estudar.”
O segundo passo é expandir os negócios, quem sabe até abrir uma loja física. No Dia dos Pais, ela, inclusive, foi além dos escondidinhos e preparou vatapá piauiense, receita, também, da avó. Amanda explica a diferença: “Além do camarão fresco, preparamos um molho com camarão seco batido com leite e usamos um pouco de dendê, só para dar uma cor. É uma delícia”.
O prato agradou tanto aos clientes na data festiva, que ela pretende incluir no menu nos fins de semana. Com os leitores da coluna, a cozinheira compartilha uma receita simples e fácil de fazer: empadão de batata-doce. E o melhor: é possível usar diversos recheios.
Para Amanda, a Amandioca deu outro sentido à sua vida. “Senti no coração que era isso que eu queria fazer. É como se tivesse virado uma chave e me encontrado”, comemora.