O deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) recusou, ontem, o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o Ministério das Comunicações, em substituição ao deputado Juscelino Filho (União Brasil-PI) — demitido por ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por desvio de recursos repassados por emendas parlamentares para empreendimentos nos quais tinha envolvimento. O União Brasil, no entanto, não informou se indicará outro nome para ocupar a pasta.
"Venho a público agradecer ao presidente Lula pelo honroso convite para assumir o Ministério das Comunicações. A confiança depositada em meu nome me tocou de maneira especial e jamais será esquecida. Sou líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil. Tenho plena convicção de que, neste momento, posso contribuir mais com o país e com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados", salientou Pedro Lucas.
A recusa do deputado deixa o governo em situação constrangedora. Isso porque ele tinha sido anunciado como novo titular da pasta pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em 10 de abril, depois de uma reunião na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e do próprio deputado. Segundo Gleisi, Pedro Lucas dera a entender que aceitaria o ministério, embora tivesse pedido prazo até a Páscoa para colocar questões pessoais e partidárias em ordem.
No dia seguinte, o parlamentar publicou uma nota, em que dizia ter recebido o convite com "respeito e senso de responsabilidade". Ressaltou, no entanto, que "qualquer definição" seria construída por meio do diálogo com a bancada. Mas, ontem, depois de um dia de intensas reuniões internas, declinou do convite.
A recusa não chegou a surpreender. Ao longo do dia, parlamentares da sigla ouvidos pelo Correio, desconversavam sobre a escolha de outro deputado para o ministério. A avaliação de alguns deles é que o consenso em torno de Pedro Lucas para que se tornasse o líder do partido na Câmara foi fruto de muito trabalho. E que caso ele assumisse uma pasta no primeiro escalão do governo desmontaria esse pacto entre as alas do partido.
Mas antes do anúncio da recusa, uma nota não oficial assinada pelo presidente da sigla, Antonio Rueda, circulou entre jornalistas. Dizia que o União Brasil indicaria um substituto para Pedro Lucas ao cargo.
"O União Brasil, ciente da importância da pasta das Comunicações, indicará um novo nome técnico para avaliação do presidente da República", diz o documento. O partido, no entanto, pediu que os jornalistas desconsiderassem a nota.
A falta de definição pode abrir espaço para o desembarque da sigla do governo — posição defendida pela ala bolsonarista da legenda —, já que o Planalto viu como um desrespeito a lentidão do União Brasil para decidir o nome que comandará uma das principais pastas da Esplanada dos Ministérios. Outro problema é que, desde que indicou Juscelino Filho para o cargo, em 2023, a sigla nunca entregou apoio maciço ao governo no Congresso. (Com Wal lima)
Saiba Mais
-
Política Lula prepara viagem para o funeral do papa Francisco nesta quinta
-
Política Do hospital, Bolsonaro descarta sucessores: "Direita só tem um nome"
-
Política CPI das Bets ouve delegado sobre falhas no combate a apostas ilegais
-
Política "Limpeza espiritual", diz vereadora bolsonarista sobre morte do papa Francisco