O Congresso Nacional recebeu uma sessão solene, na quarta-feira (2/4), em comemoração ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. No entanto, em meio a o evento, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) — o primeiro congressista autista a tornar o diagnóstico público — teve o laudo de Transtorno do Espectro Autista (TEA) questionado por uma convidada.
Na tribuna, uma mulher questionou a condição do parlamentar ao apontar que “um deputado” havia defendido uma lei que restringe as regras para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) (anteriormente PL 4.614/2024). “Não adianta dizer que é autista, que defende e é a favor desse PL, como nós vimos um deputado que esteve aqui e fez isso. Autista de verdade não deixa autista de lado. Não deixa autista pra trás”, disse.
Mandel rebateu que o diagnóstico, recebido ainda na época da adolescência, existe há mais de dez anos. “Se qualquer pessoa tiver dúvidas sobre o meu diagnóstico, que não só eu tenho um laudo há mais de 10 anos, mas vocês podem questionar todos os profissionais que fizeram esse laudo, entre psicólogos, psiquiatras, neurologistas, fonoaudiólogos e assim por diante.”
O deputado reforçou aos presentes na solenidade que usassem o Dia de Conscientização do Autismo para não repetirem atitudes como a da mulher que indagou sobre a condição. Ele explicou que sua dicção e habilidades sociais são atualmente boas devido aos profissionais que o acompanharam. “Eu não me digo autista, eu sou autista e tenho esse diagnóstico desde os meus 14 anos de idade”, enfatizou.
Ao ser repreendida por Mandel, a convidada saiu da comissão na Câmara dos Deputados e iniciou uma live em rede social. No vídeo, ela passou a questionar se o parlamentar tinha autismo e o atacou por não ter defendido o BPC para os autistas.
Amom diz que o episódio não foi inédito na vida política dele, e que muitos já questionaram a capacidade cognitiva e comportamento do deputado. “Às vezes era de forma sutil, às vezes de forma escrachada, mas sempre davam um jeito de me ridicularizar ou questionar minha capacidade. Eu tinha vergonha, convivi por muito tempo com o medo de não ser aceito. Hoje digo que autista pode estar onde ele quiser”, concluiu.
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Após o episódio, Mandel lamentou o ataque ao diagnóstico e ressaltou que o PL apontado “foi protocolado com uma série de erros que lutou para mudar”. De acordo com o deputado, o projeto, que limitaria a concessão de benefícios de prestação continuada para pessoas com autismo, foi mudado cerca de 10 minutos antes da votação em conversa entre Mandel e o deputado Isnaldo Bulhões. “Na segunda página desse relatório, ele cita meu nome como quem articulou junto a ele e apresentou as demandas para que os autistas não fossem prejudicados", afirmou.
Segundo Mandel, a crítica foi um ataque desonesto. "Eu jamais votaria contra os autistas, e não votei contra os autistas, apesar do ataque que recebi. Gostaria de solicitar a todos aqui uma consciência no Dia Mundial de Conscientização do Autismo para que não tomem esse tipo de atitude de falar que alguém ‘se diz autista’", finalizou.
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