O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) recorreu à metáfora do relacionamento, comum ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para explicar os recentes tensionamentos entre ele e o líder de extrema-direita.
"Você já teve atrito com sua esposa? Eu não posso ter atrito com o meu presidente? Não é atrito no sentido de desavenças. São coisas normais de acontecer porque, afinal de contas, temos opiniões e cada um é uma personalidade", justificou o parlamentar durante uma ida à Câmara de BH nesta quinta-feira (13/3), em apoio a uma moção pela anistia dos presos pelo 8 de janeiro.
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A desavença entre os dois, segundo o político, teve origem em uma discordância sobre o mote dos atos convocados para este domingo (16/3). "Anistia é uma prioridade, está sendo incrivelmente trabalhada por ele dentro da Câmara. Meu coração estava voltado para o 'Fora Lula', que, acredito, contemplaria mais a população, mas não tenho dúvidas de que a experiência política e a vontade dele prevalecerão", comentou.
Bolsonaro vem mobilizando seus apoiadores para tentar reunir, ao menos, um milhão de pessoas na Praia de Copacabana. A pauta definida pelo político é a anistia às pessoas condenadas pela invasão e depredação dos prédios na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e por pedirem intervenção militar.
A incitação pública à intervenção militar pode resultar em pena de três a seis meses e multa. Já a tentativa de golpe de Estado, mediante o uso de violência, pode levar a pena de quatro a oito anos, além da pena correspondente à violência.
Inicialmente, as ações ocorreriam em diversas cidades do país, mas, com o objetivo de demonstrar força, o ex-presidente ordenou que apenas o ato no Rio de Janeiro fosse mantido, cancelando todos os outros.
A decisão de Bolsonaro gerou um racha na direita mineira, que planejava um ato na Praça da Liberdade, no Centro-Sul de Belo Horizonte, local tradicional de manifestações políticas.
Importantes nomes do bolsonarismo mineiro, como Nikolas Ferreira, o deputado estadual Bruno Engler (PL) e o vereador de BH, Pablo Almeida (PL), que haviam convocado apoiadores para o ato, passaram a focar na manifestação do Rio de Janeiro.
Outros grupos de direita, menos alinhados ao bolsonarismo, passaram a criticar a decisão de priorizar o ato em Copacabana e, contrariando a ordem de Bolsonaro, decidiram manter a manifestação contrária ao presidente Lula.