Emendas parlamentares

Prazo para AGU e Congresso explicarem emendas acaba em 1º de abril

Petição do PSol questiona resolução aprovada pelo Congresso Nacional que permite ocultar autores de emendas

Congresso manteve brechas que permitem esconder quem indica recursos bilionários para estados e municípios -  (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)
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Congresso manteve brechas que permitem esconder quem indica recursos bilionários para estados e municípios - (crédito: Roque de Sá/Agência Senado)

A Advocacia-Geral da União (AGU), a Câmara e o Senado têm até a próxima terça-feira (1º de abril) para enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) explicações sobre a resolução do Congresso Nacional que estabelece novas regras para emendas parlamentares.

O texto, como mostrou o Correio, mantém brechas que permitem aos deputados e senadores esconderem os autores das indicações. Na prática, os parlamentares podem negociar os recursos para determinados locais sem que seus nomes apareçam nos registros, já que seriam os líderes partidários a assinar as indicações.

“O texto permite que os parlamentares façam indicações por meio de suas bancadas partidárias, constando apenas a assinatura do líder da sigla, sem identificação do autor original”, argumentou o PSol na petição apresentada em 15 de março ao Supremo.

“Trata-se, conforme já denunciado nos autos desta ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade), de ‘uma nova fase do orçamento secreto’”, por meio de um mecanismo que recebeu a alcunha de ‘emendas dos líderes’, cujo objetivo é o de sempre: “esconder quem é quem nas planilhas de bilhões de reais”, continuou.

Irregularidades

Para o deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ), que participou das articulações para apresentar os questionamentos ao STF, o Congresso não conseguirá explicar porque manteve as brechas no texto final aprovado porque o objetivo de parte dos parlamentares é impedir que os recursos tenham a devida transparência.

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“Por que um deputado que indica um determinado recurso para uma região vai querer se ocultar se ele teria o bônus político de estar fazendo uma indicação de determinado recurso? Por que se ocultar se ele estaria tendo o bônus político de estar fazendo a indicação de determinado recurso?”, questionou o parlamentar.

“Aí tem. É porque tem alguma empresa que está executando serviço ou alguma ONG que no final das contas possa ter alguma relação específica de natureza privada e não pública”, afirmou Braga.

Governo tergiversa

Do lado do governo, a ordem é evitar problemas com o Supremo. Logo depois da aprovação do Orçamento em 20 de março, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), foi questionado sobre o impasse das emendas.

Apesar de ter sido a AGU a costurar acordo com o Congresso e o Judiciário, e a interceder junto a Dino pelo Legislativo, Randolfe disse que o governo não se envolveu diretamente na questão.

“O governo não tem participação nenhuma nisso. A única participação do governo é buscar o entendimento em relação a esse tema (transparência das emendas). Houve uma compreensão do Congresso e ela está nos termos da resolução”, apontou na ocasião.

postado em 28/03/2025 14:24 / atualizado em 28/03/2025 17:48