
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Jair Bolsonaro trocaram ataques, nesta quinta-feira, envolvendo a tentativa de golpe de Estado que será julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo afirmou que o adversário tentou tomar o poder e contribuir em uma trama para assassiná-lo e a outras autoridades — conforme revelou investigação da Polícia Federal. Já Bolsonaro respondeu com xingamentos e disse que "só um imbecil ou um canalha compra esse papo de plano de assassinato".
Lula comentou o caso durante uma entrevista coletiva no Japão, pouco antes de embarcar para o Vietnã. Ele foi questionado por jornalistas sobre a decisão da Primeira Turma do STF de tornar réus Bolsonaro e sete aliados dele por atentar contra a democracia.
"É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país; é visível, por todas as provas, que ele tentou contribuir para o meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente, e para o assassinato do ex-presidente da Justiça Eleitoral Brasileira. E todo mundo sabe o que aconteceu nesse país", respondeu o petista.
Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o líder da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado, com o objetivo de impedir a posse de Lula. As investigações também revelaram um plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Lula ressaltou que Bolsonaro deve ter o direito à presunção da inocência, mas também tem de ser punido caso o julgamento conclua que ele participou da tentativa de golpe.
Ele também rebateu as reclamações do ex-presidente sobre as investigações. "Então, ao invés de chorar, caia na realidade e saiba que você cometeu um atentado contra a soberania desse país", enfatizou.
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"Gópi"
Horas depois, Bolsonaro usou as redes sociais para rebater o ataque. "Lula, cachaça, o brasileiro sabe de sua índole e de como você chegou até aqui. Só um imbecil ou um canalha compra esse papo de plano de assassinato", disparou. "A única pessoa que tentaram matar fui eu, em uma ação de antigo militante do PSol , seu braço político de primeira hora. Não conseguiram!", escreveu. O ex-presidente fez referência ao atentado que sofreu na campanha de 2018, quando levou uma facada desferida por Adélio Bispo, que foi filiado ao PSol no passado.
"Quanto à narrativa de vocês sobre o 'gópi', ela é conhecida por todos os seus adversários, inclusive (o ex-presidente Michel) Temer e outros. Ninguém de bom senso aguenta mais essa patifaria armada", acrescentou.
Bolsonaro adotou uma postura mais agressiva após se tornar réu por tentativa de golpe. Em duas coletivas de imprensa que concedeu ainda na quarta-feira, voltou a fazer ataques às urnas eletrônicas e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), elogiou o sistema eleitoral da Venezuela — que tem voto impresso, mas manteve o ditador Nicolás Maduro no poder — e chamou de infundadas as acusações de que é alvo.
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