obituário

O legado de Fuad Noman, prefeito de BH que morreu aos 77 anos

Economista, servidor de carreira e torcedor do Atlético-MG lutava contra um câncer, que não o impediu de se reeleger, em 2024. Quem assume o governo municipal é seu vice, Álvaro Damião

Fuad enfrentava a doença desde 2024. Devido ao tratamento, não assumiu a prefeitura presencialmente -  (crédito: Rodrigo Clemente/PBH)
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Fuad enfrentava a doença desde 2024. Devido ao tratamento, não assumiu a prefeitura presencialmente - (crédito: Rodrigo Clemente/PBH)

O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, morreu, ontem, aos 77 anos, depois 83 dias de internação por causa de um câncer. Reeleito no segundo turno em 2024, ele atravessou a campanha eleitoral ao mesmo tempo em que se submetia a um tratamento oncológico. Com mais de 40 anos nos bastidores da vida pública, Fuad assumiu o primeiro cargo eletivo no comando da capital mineira a partir da renúncia de Alexandre Kalil — que deixou a prefeitura para disputar o governo mineiro, em 2022.

Fuad teve parada cardiorrespiratória pela manhã manhã e não resistiu. A quarta internação, desde novembro de 2024, durava desde 3 de janeiro, quando deu entrada no Hospital Mater Dei com insuficiência respiratória. O prefeito deixa a mulher, dois filhos e quatro netos. Será velado, hoje, no saguão da Prefeitura de Belo Horizonte. Assume o governo municipal seu vice, Álvaro Damião.

Formado em economia pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub) e pós-graduado em programação econômica e execução orçamentária, era funcionário de carreira do Banco Central (BC) e do Banco do Brasil (BB). Passou a ocupar cargos públicos ao ser chamado para a função de secretário-executivo da Casa Civil da Presidência de Fernando Henrique Cardoso.

Ao voltar para Minas, atuou no governos de Aécio Neves (2003-2010) e de Antonio Anastasia (2010-2014). Chefiou as secretarias de Fazenda, de Transporte e Obras Públicas, e a pasta extraordinária da Copa do Mundo de 2014. Em 2017, começou como secretário de Fazenda da prefeitura e, quatro anos mais tarde, tornou-se vice-prefeito. Em 2024, disputou a primeira eleição como cabeça de chapa.

Dias antes do segundo turno, ele comemorou a remissão de um linfoma não Hodgkin. Em 18 de dezembro, não participou da cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos em Belo Horizonte. Em 1º de janeiro, tomou posse remotamente, participando do evento na Câmara Municipal por videoconferência.

Repercussão

Sobre Fuad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou, em publicação no X (antigo Twitter), que "tive a honra de estar, lado a lado, na luta que permitiu a vitória da democracia sobre o autoritarismo em 2022, no Brasil, e em 2024, na capital mineira. Sua partida representa uma perda para as mineiras e os mineiros, mas também para todo o serviço público brasileiro ao qual dedicou a sua vida, sua inteligência e sua experiência. Noman teve uma brilhante carreira como servidor federal".

Também no X, o vice-presidente Geraldo Alckmin homenageou o prefeito. "Fuad Noman dedicou toda sua vida ao serviço público. Com extensas contribuições aos três níveis de governo, notabilizou-se por sua competência como gestor e partiu dedicando-se ao povo de Belo Horizonte. O Atlético Mineiro perde um ilustre torcedor, mas os céus ganham um homem público que deixou um legado respeitável no Brasil", postou.

Assim como o Atlético Mineiro, o Cruzeiro também lamentou a morte de Fuad. Os governadores de Minas, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União), lembraram a luta de Fuad contra o câncer. Os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e de Recife, João Campos, se solidarizaram à família pela perda. Os deputados federais Ivan Valente (PSol-SP), André Janones (Avante-MG) Rogério Correia (PT-MG) e Duda Salabert (PDT-MG) também homenagearam o prefeito.

O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, ressaltou que se conheceram "na gestão do presidente FHC, e, desde então, Fuad se destacou como um dedicado gestor público, sempre aberto ao diálogo na busca de soluções para a população".

A ministra Margareth Menezes (Cultura) ressaltou que Fuad foi "um homem que dedicou sua vida ao serviço público, sempre pautado pelo compromisso com a ética, o diálogo e o bem-estar da população."

O presidente do partido de Fuad, Gilberto Kassab, disse que o prefeito "dedicou a vida à causa pública, ao bem estar da sociedade. Funcionário de carreira do Banco Central, trabalhou na Casa Civil do Governo Federal na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso".

 

Bernardo Estillac
BE
Fabio Grecchi
postado em 27/03/2025 03:55