Justiça

Antes de votar, ministros julgam questões processuais em julgamento do golpe

Defesas voltam a questionar impedimentos de ministros, além de competência da Primeira Turma do STF para julgar o caso 

Pela manhã, o colegiado iniciou a análise da denúncia da PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados -  (crédito: Antonio Augusto/STF)
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Pela manhã, o colegiado iniciou a análise da denúncia da PGR contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados - (crédito: Antonio Augusto/STF)

Por unanimidade, os integrantes da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram, na tarde desta terça-feira (25/3), o pedido das defesas dos acusados da trama golpista para que a Corte declare os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin impedidos de atuar no julgamento. Pela manhã, o colegiado iniciou a análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados. 

A segunda questão preliminar analisada é sobre a competência do Supremo para julgar o caso. Também há questionamentos da defesa sobre o caso ser julgado pela 1ª Turma do STF e não pelo plenário, além de um pedido de nulidade do acordo de colaboração premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e se há a necessidade de aplicação do juiz de garantias.

Mais cedo, teve a leitura do relatório de Alexandre de Moraes, o detalhamento das denúncias da PGR e a defesa dos acusados de fazer parte do chamado núcleo 1 do golpe. 

Os advogados dos acusados argumentam que Alexandre de Moraes deve ser considerado suspeito para julgar a denúncia porque seria um dos alvos da trama golpista. Segundo os advogados, Dino e Zanin também deveriam ser afastados do caso, pois já moveram ações na Justiça contra o ex-presidente. 

O processo ficou na Primeira Turma devido a mudanças internas da Corte. Em 2023, foi restabelecida a competência das Turmas para analisar casos penais, ou seja, investigações e processos em que se apura se houve crime.  

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No mês passado, a PGR denunciou 34 pessoas, divididas em núcleos, por estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito. Segundo o órgão, Jair Bolsonaro tinha ciência e participação ativa em uma trama golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

  • O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (25/3), para acompanhar o primeiro dia do julgamento que decidirá se ele e outros sete investigados serão tornados réus por tentativa de golpe de Estado
    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (25/3), para acompanhar o primeiro dia do julgamento que decidirá se ele e outros sete investigados serão tornados réus por tentativa de golpe de Estado Antonio Augusto/STF
  • Bolsonaro chegou por volta das 9h25 e se sentou na primeira fila para acompanhar a sessão. Acompanhado de advogados, ele passou grande parte do dia em silêncio e mexeu no celular diversas vezes.
    Bolsonaro chegou por volta das 9h25 e se sentou na primeira fila para acompanhar a sessão. Acompanhado de advogados, ele passou grande parte do dia em silêncio e mexeu no celular diversas vezes. Gustavo Moreno/STF
  • Cerca de vinte minutos após a chegada do ex-presidente ao STF, a conta dele no X (antigo Twitter) fez uma publicação comparando o julgamento com o jogo entre Brasil e Argentina, que ocorrerá na noite desta terça-feira
    Cerca de vinte minutos após a chegada do ex-presidente ao STF, a conta dele no X (antigo Twitter) fez uma publicação comparando o julgamento com o jogo entre Brasil e Argentina, que ocorrerá na noite desta terça-feira Fellipe Sampaio /STF
  • Ao portal Uol, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que também estava presente na sessão, disse que Bolsonaro passou a maior parte do tempo em silêncio
    Ao portal Uol, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que também estava presente na sessão, disse que Bolsonaro passou a maior parte do tempo em silêncio Antonio Augusto/STF
  • O advogado e assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten, lhe ofereceu um copo de água. Bolsonaro negou. Ele só aceitou quando Wajngarten voltou com uma garrafa lacrada.
    O advogado e assessor do ex-presidente, Fabio Wajngarten, lhe ofereceu um copo de água. Bolsonaro negou. Ele só aceitou quando Wajngarten voltou com uma garrafa lacrada. Rosinei Coutinho/STF
  • Por volta de 16h, Bolsonaro permaneceu de olhos fechados por alguns minutos. Às 16h16, com o julgamento em curso, publicou uma mensagem em suas redes sociais
    Por volta de 16h, Bolsonaro permaneceu de olhos fechados por alguns minutos. Às 16h16, com o julgamento em curso, publicou uma mensagem em suas redes sociais Gustavo Moreno/STF
  • Na postagem, o ex-presidente critica o Supremo Tribunal Federal, argumentando que a Corte tem alterado suas regras e jurisprudência de forma específica para determinados casos e réus
    Na postagem, o ex-presidente critica o Supremo Tribunal Federal, argumentando que a Corte tem alterado suas regras e jurisprudência de forma específica para determinados casos e réus Gustavo Moreno/STF

Rito do julgamento 

O presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, marcou para 25 e 26 de março as sessões para analisar o caso. Na manhã do primeiro dia, o magistrado fez a abertura da análise e, depois, passou a palavra para Alexandre de Moraes. Em seguida, as defesas dos oito denunciados e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, foram ouvidos. Pela tarde, o relator deve fazer a leitura de seu relatório e dar voto a favor ou contra o mérito da questão, ou seja, dirá se aceita a denúncia. 

A etapa de amanhã (26) deve funcionar para as manifestações dos demais ministros do colegiado. Se for rejeitada, a acusação será arquivada. Caso seja aceita, começará uma ação penal no STF. Depois, há a fase de produção de provas por parte da acusação e dos advogados de defesa. Nesse momento, serão coletadas provas, realizadas oitivas de testemunhas e analisados documentos que possam reforçar ou enfraquecer a acusação. 

Após esses passos, os magistrados decidirão pela condenação ou absolvição dos réus. A data de um possível julgamento ainda não foi definida. Considerando os trâmites legais, o caso pode ser julgado ainda no primeiro semestre de 2025.

Luana Patriolino
postado em 25/03/2025 15:18 / atualizado em 25/03/2025 19:55