
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta terça-feira (25/3) com empresários brasileiros exportadores de carne em Tóquio, no Japão, para uma reunião sobre a abertura do mercado japonês para esses produtos.
No encontro, o petista se comprometeu a negociar com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, para criar um cronograma definido para que o país asiático passe a comprar a carne bovina e suína do Brasil. O objetivo é voltar a Brasília já com essa definição.
“Vamos discutir muitos assuntos aqui, e espero que a gente consiga convencer o Japão das coisas que o Brasil tem de bom para negociar. Tenho o interesse de, em todas as viagens que fizer, levar empresários, deputados, gente que possa vender”, declarou Lula.
Ele se reuniu com empresários ligados à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) que acompanharam a comitiva brasileira ao Japão. Após o encontro, ministros detalharam a reunião a jornalistas.
Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, Lula se comprometeu a discutir o tema com o premiê Ishiba no encontro bilateral que terá amanhã (26/3), às 18h10 no horário local (6h10 em Brasília), e incluir um cronograma para a liberação das vendas na declaração final de sua visita de Estado.
“O presidente Lula fez um compromisso de atuar pessoalmente na relação desta abertura de mercado. Ele vai trabalhar pessoalmente com o primeiro-ministro para que isso se torne realidade, e para que os próximos passos saiam daqui estabelecidos com data e prazo”, disse Fávaro.
Brasil enfrenta resistência para abrir mercado
O Brasil tenta há 22 anos abrir o mercado japonês para a exportação, mas ainda não havia atingido os requisitos sanitários. Porém, será reconhecido em maio pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) como país livre da febre aftosa sem vacinação, considerado o último entrave para iniciar o comércio.
O governo brasileiro quer agora marcar a visita de uma missão sanitária japonesa aos frigoríficos que têm interesse em exportar, que é o próximo passo para a liberação. Porém, além da questão sanitária, há resistência entre os produtores japoneses e os maiores exportadores, especialmente Estados Unidos e Austrália.
“Veja que uma tonelada de carne bovina aqui no Japão vale em torno de US$ 8 mil, e o Brasil exporta em média entre US$ 5 mil e US$ 5,5 mil a tonelada. Há um risco de o Brasil, com sua agressividade de mercado, possa tirar competitividade de produtores locais”, comentou Fávaro.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
“Mas todos os países que abriram o mercado tiveram estabilidade, principalmente inflacionária, no preço dos alimentos com a qualidade dos produtos. É isso que estamos tentando demonstrar”, emendou o ministro.
Já o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou a resistência dos demais exportadores, que vêm dificultando a abertura para o Brasil.
“Os outros mercados que exportam utilizam sua potência econômica para não perder o mercado. Se abrir o mercado para o Brasil, a gente vai ganhar 50% da importação para o Japão, e isso é uma disputa global, obviamente”, enfatizou.