
O advogado Demóstenes Torres, que representa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, defendeu, nesta terça-feira (25/3), a análise da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Celso Vilardi, o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, também falou brevemente. Ele disse ter “boas expectativas”.
Demóstenes conversou com jornalistas antes da sessão da Primeira Turma da Corte que analisará o processo.
“Eu acredito no Supremo e o Supremo tem que observar as regras de direito e, em relação ao Almirante Garnier, o direito está do lado dele. “O regimento abre uma exceção para quando é uma matéria de relevância e o procurador-geral da República disse que é da mais alta relevância e nós concordamos com ele. Se é matéria da mais alta relevância, deve ser julgado pelo plenário”, disse Demóstenes.
Segundo ele, não há justa causa para receber a denúncia contra Garnier. Ele criticou a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid e afirmou que o processo não possui provas suficientes contra seu cliente.
“Mentiu completamente, inventou, falseou uma verdade e está na própria denúncia. Se o Batista Junior não estava na reunião, como ele afirma que presenciou o Garnier dizer que estava com as tropas à disposição?”, questionou.
Celso Vilardi reforçou que está confiante na análise da denúncia. “A defesa já foi apresentada. Vamos reforçar os principais pontos no Supremo Tribunal Federal e aguardar o julgamento”, disse. “Tenho boas expectativas”, completou.
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De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderir a trama golpista, o almirante Almir Garnier teria colocado tropas à disposição do plano criminoso.
Neste primeiro momento, a Corte deve dizer se o processo tem consistência para abrir uma ação penal. No mês passado, a PGR denunciou 34 pessoas, divididas em núcleos, por estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito. Segundo o órgão, o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha ciência e participação ativa em uma trama golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro teve participação direta na tentativa de golpe, segundo a Polícia Federal. "Planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva" dos atos que levariam ao golpe de Estado, que não se consumou por "circunstâncias alheias à sua vontade”.