Justiça

STF tem três votos para condenar Carla Zambelli por perseguição armada

Em 2022, a deputada perseguiu um homem com uma arma na mão. Caso está no plenário virtual da Corte

Carla Zambelli (PL-SP) persegue jornalista às vésperas do segundo turno das eleições de 2022 -  (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
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Carla Zambelli (PL-SP) persegue jornalista às vésperas do segundo turno das eleições de 2022 - (crédito: Reprodução/Redes Sociais)

O Supremo Tribunal Federal (STF) tem três votos para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a 5 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O julgamento está no plenário virtual da Corte — sistema em que os magistrados votam sem necessidade de discussão presencial sobre o tema. 

O relator, ministro Gilmar Mendes, também votou para declarar a perda do mandato da parlamentar, como consequência da condenação, além de cassar definitivamente a autorização de porte de arma de fogo da deputada e enviar a arma apreendida ao Comando do Exército.

Às vésperas do segundo turno de 2022, a deputada bolsonarista perseguiu armada e ameaçou um homem apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo. Em agosto de 2023, o STF decidiu torná-la ré por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. A acusação foi oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o órgão, Zambelli não tinha autorização para usar o revólver ostensivamente em público.

Gilmar Mendes destacou que, embora Carla Zambelli tenha porte de arma, ela agiu “fora dos limites da defesa pessoal, em contexto público e ostensivo, ainda mais às vésperas das eleições, em tese, pode significar responsabilidade penal". 

Ele foi seguido integralmente por Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia. Para a magistrada, Zambelli não agiu em legítima defesa e que as provas demonstram que ela constrangeu o homem "mediante grave ameaça exercida com arma de fogo, a não exercer a sua liberdade de ir e vir".

"No curso da ação penal apurou-se que a vítima teve a sua liberdade restrita, ainda que momentaneamente, pela ação da denunciada, que, apontando arma de fogo, exigiu que o ofendido permanecesse no interior do restaurante onde tinha buscado se proteger", escreveu. 

Por meio de nota, Zambelli disse que reafirma sua crença na imparcialidade do Poder Judiciário e na tramitação justa do processo. “Tenho total confiança na Justiça e acredito que, com o esclarecimento completo dos fatos, minha inocência será comprovada”, declarou. 

COM A PALAVRA, DANIEL BIALSKI, QUE REPRESENTA CARLA ZAMBELLI

Infelizmente, apesar da defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ter reivindicado seu legítimo direito de efetivar defesa oral, o pleito sequer foi analisado pelo ilustre relator do processo no STF. Essa seria a melhor oportunidade de evidenciar que as premissas colocadas no voto proferido estão equivocadas. Esse direito do advogado não pode ser substituído por vídeo enviado - cuja certeza de visualização pelos julgadores inexiste. Mas, apesar desse cerceamento da defesa, foram ainda enviados e despachados memoriais com os ministros para motivá-los a ter vistas e examinar minuciosamente os autos.

Luana Patriolino
postado em 21/03/2025 19:38 / atualizado em 21/03/2025 19:48