DEMOCRACIA

Câmara dos Deputados celebra Sarney e memória de Tancredo

Ex-presidente é condecorado com a Medalha do Mérito Legislativo pela restauração do Estado de Direito, cuja consolidação veio com a promulgação da Constituição de 1988

Deputado Hugo Motta condecora Sarney, que conduziu a transição democrática com a morte de Tancredo -  (crédito: Marina Ramos/Agência Câmara)
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Deputado Hugo Motta condecora Sarney, que conduziu a transição democrática com a morte de Tancredo - (crédito: Marina Ramos/Agência Câmara)

A Câmara dos Deputados realizou, ontem, sessão solene para celebrar os 40 anos da redemocratização do Brasil, a partir da posse de José Sarney, interinamente, na Presidência da República, em 15 de março de 1985. O ex-presidente da República novamente foi o homenageado, assim como o presidente Tancredo Neves — um dos principais artífices da retomada do Estado de Direito, que colocou fim a 21 anos de ditadura militar.

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), neto de Tancredo e seu secretário pessoal, ressaltou o compromisso do avô com os ideais democráticos, que sempre estiveram acima de qualquer interesse pessoal antes do regime militar — quando, segundo ele, tentou por diversas vezes evitá-lo — e depois, com a articulação com os militares para a retomada democrática. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) condecorou Sarney com a medalha do Mérito Legislativo.

Representando o Judiciário, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, salientou que a promulgação da atual Constituição, garantiu estabilidade política e pôs fim ao um longo histórico de rupturas institucionais do país. Ainda segundo o magistrado, essas últimas quatro décadas são o período mais longevo de democracia contínua no Brasil e foi ela que permitiu o desenvolvimento das forças produtivas nacionais, ampliando o setor econômico, o fortalecimento das relações diplomáticas e o funcionamento independente das instituições.

Sarney, por sua vez, ressaltou que a normalidade democrática foi fundamental para que o Brasil alcançasse o controle da inflação, com o Plano Real, além de permitir ganhos na área social — como o da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os investimentos em pesquisa e educação, o combate à pobreza e ao analfabetismo. O ex-presidente frisou, ainda, que "pela primeira vez um operário foi candidato e quase se elegeu presidente" — disse, citando a disputa do ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva contra Fernando Collor de Mello, na corrida presidencial de 1989.

Por sinal, foi logo no começo da interinidade de Sarney no comando do governo que os direitos sindicais do hoje presidente da República foram restaurados. "A democracia mudou o Brasil", afirmou Sarney.

Exposição

Vai até o próximo domingo, no Panteão da Pátria, a exposição A festa da Constituinte, uma amostra da cobertura do Correio Braziliense sobre a consolidação democrática com a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, em 1º de fevereiro de 1987. Em 22 fotos de profissionais da imagem, como Lucio Bernardo, Eugênio Novaes, Luiz Marques, Cecé, Gilberto Alves, Júlio Alcantara, Mila Petrillo, Adauto Cruz, Givaldo Barbosa e F. Gualberto, o Correio registrou os diversos momentos daquele dia, até a proclamação da nova Carta Magna, em 5 de outubro de 1988.

 


Maiara Marinho
MM
postado em 20/03/2025 04:45