
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia participou da Mesa I Democracia 40 anos: As conquistas consolidadas no evento "Democracia 40 anos, conquistas, dívidas e desafios" do Correio Braziliense, Cidadania, a Fundação Astrojildo Pereira e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa sobre "O lugar da mulher na democracia brasileira". Em seu depoimento em vídeo, a ministra relembrou o fim da ditadura, mas enfatizou que as mulheres ainda lutam pela democracia plena.
"40 anos se passaram desde aquele 15 de março depois de mais de 20 anos de regime autoritário, a minha geração pôde testemunhar a chegada a uma das margens do que a gente buscava: o Estado Democrático de Direito, o qual tomasse posse como nosso representante na presidência da república o grupo que tinha chegado exatamente a partir das lutas nas praças, na legitimação nas ruas do Brasil", começou.
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"Para nós mulheres brasileiras, que sempre participamos das lutas pela independência do Brasil, nem sempre tendo sido devidamente creditado às mulheres este front permanente de lutas, aquele momento marcava a retomada das nossas esperanças numa igualdade efetiva e eficaz, social e politicamente. Continua não sendo tempos fáceis porque a democracia é uma construção e não tem sido uma construção fácil, especialmente nesses tempos de tantas transformações porque passa o mundo e o Brasil", ressaltou.
Lúcia afirma ainda que só é possível continuar lutando pelos direitos não conquistados porque o presidente José Sarney restabeleceu a democracia no Brasil. "As mulheres não têm o mesmo espaço de liberdade que os homens ainda hoje, mas é o processo de redemocratização iniciado há 40 anos, naquele 15 de março, que permitiu que hoje nós possamos, pelo menos, falar sobre a ausência de direitos respeitados para todas as pessoas homens e mulheres. É a redemocratização que permitiu que nós continuássemos nas nossas lutas para que esta igualdade se venha a ser efetivada, foi a redemocratização que permitiu que as mulheres pudessem ter a denúncia dos maus tratos, das violências que se cometem contra elas", afirmou.
Para a ministra, a democracia brasileira ainda tem um longo percurso para chegar a sua plenitude e garantir que todos tenham direitos iguais, como diz a lei máxima do país. "Por tudo isso, ainda estamos longe de termos chegado à margem de um estado democrático de direito, o que é anunciado na Constituição, e que seja respeitado integralmente por todas as pessoas no nosso país. Somos não apenas a maioria da população brasileira, mas a maioria do eleitorado brasileiro, mas temos uma sub-representação nos cargos eletivos, uma sub-participação nos cargos do poder judiciário, especialmente em tribunais, o que significa que ainda temos um longo caminho a percorrer na construção dessa a sociedade. Que não é justa quando mata suas meninas, quando violenta suas crianças, quando mata suas mulheres e não tem sequer uma resposta pronta e eficiente da sociedade", frisou.
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