
O cientista político norte-americano e autor de diversos livros sobre o liberalismo e a política nos Estados Unidos Mark Lilla avalia que o cenário não é positivo para a democracia liberal no mundo e, principalmente, nos EUA. Para o professor, estudioso sobre o tema, a primeira eleição de Donald Trump, em 2016, marcou o fim de uma era que durava desde a Segunda Guerra Mundial.
“Hoje, não tem nenhum deputado ou congressista que apela para a moderação conservadora. Eles viraram reacionários. O conservadorismo na América fez um vácuo político. Enquanto a direita se moveu para a direita, os eleitores da esquerda se moveram para a esquerda e isso só alienou mais eles”, sustentou o cientista político.
A declaração foi feita durante o evento Democracia 40 anos: conquistas, dívidas e desafios, neste sábado (15/3). O seminário suprapartidário é organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e pelo partido Cidadania, e conta com o apoio do Correio Braziliense.
Ele comparou o regime político norte-americano com o presenciado por países da América Latina, como o Brasil, que passaram por regimes militares durante o século XX. Para o professor, o que é possível aprender com o exemplo brasileiro é a “arte da resistência”, se referindo aos anos de redemocratização.
“Vocês sabem muito mais que nós. Vocês entenderam o quão rápido a democracia pode ruir. Vocês sabem como o judiciário pode ser uma arma para a legislação. Vocês sabem como os líderes autoritários podem publicar nas universidades”, afirmou o cientista político sobre a política brasileira.
“Mas nós temos muito a aprender com vocês em outros sentidos, também. Nos últimos quarenta anos, vocês foram capazes de defender a democracia. Ver a evolução da política no Brasil nesses últimos dois anos foi muito inspirador”, completou.
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O professor norte-americano considerou ainda que, no Brasil, a causa da democracia foi defendida sempre pela esquerda. Apesar disso, ele acredita que a mesma esquerda tem o risco de praticar uma “democracia conservadora” para combater os reacionários que, segundo Lilla, são antidemocráticos.