40 anos da redemocratização

"Ainda precisamos unir os democratas", afirma a constituinte Luzia Ferreira

A ex-deputada foi uma das poucas mulheres no Congresso na época da formulação da Constituição de 1988

A deputada Luzia Ferreira –  Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios -  (crédito: Mariana Campos/CB/DA Press)
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A deputada Luzia Ferreira – Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios - (crédito: Mariana Campos/CB/DA Press)

Durante o evento "Democracia 40 anos, conquistas, dívidas e desafios" realizado pelo Correio Braziliense, Cidadania, a Fundação Astrojildo Pereira e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, hoje (15), a deputada constituinte Luzia Ferreira — uma dentre as poucas deputadas mulheres na época — afirmou que a vigilância da democracia também é eterna.

"Tínhamos, naquela época, esse sonho que achávamos que haveria um dia do juízo final e, que conquistado, isso permaneceria. E o que nós assistimos, nesse momento mais recente, é que a democracia também é ameaçada permanentemente. Não existe, portanto, que ela só vai crescendo, não é só a soma. Estamos vendo, portanto, presidente José Sarney, que ainda precisamos unir os democratas, aqueles que clamam por a justiça, que querem ver o país se desenvolver, incluindo o conjunto de seu povo, para defender primeiro as instituições que respaldam a democracia", disse.

Ferreira ainda lembrou com carinho de Tancredo Neves, que também foi governador de Minas Gerais e sua atuação política criou não somente um termo no estado, como uma corrente política: o Tancredismo. "Quero aqui, com mineira, ressaltar um papel importante, fundamental, do doutor Tancredo Neves, nosso governador, porque que tem em todo o nosso período republicano uma presença muito marcante com aquele espírito conciliador de união que ele trazia, que também gerou até uma expressão, Tancredismo. O que significa? Que tem capacidade de ouvir os diferentes e construir consenso. Vários senhores aqui conviveram com ele também no parlamento, como deputado, como senador, e como foi importante ele ter ganhado também nas eleições de 1982, foi o primeiro sinal de mudança", relembrou.

Luta das mulheres na política

Luzia não pôde deixar de lembrar como era pequeno o número de deputadas na época da Assembléia Constituinte, apenas 26. Mas enfatizou que mesmo estando em pequeno número, as mulheres não deixaram de lutar pelos seus direitos. "Ainda somos poucas no parlamento, a época menos ainda, mas isso não impediu que em uma grande articulação nacional, que o momento exigia, as mulheres conquistassem os seus direitos de cidadania. Inclusive de cidadania de primeira classe, que foi a constituinte, que representou um marco importante para que as mulheres fossem respeitadas, consideradas, inclusive, tivessem condições de participar da disputa dos espaços de poder", concluiu.

Eduarda Esposito
postado em 15/03/2025 16:32