
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi contundente nas declarações sobre a economia de seu governo, nesta quarta-feira (12/3), durante lançamento de um programa de crédito destinado a trabalhadores, no Palácio do Planalto. Segundo ele, não há "cavalo de pau", nem "mágica" nas pautas econômicas do governo.
"Esse aqui não é um governo de aventureiros, de gente sem cara, sem rosto. Aqui, nesse governo, todo mundo tem um compromisso sério com a sua história. Eu digo sempre que, quando eu deixar a Presidência da República, eu não tenho um espaço para ir para Paris, escrever um livro em Londres, ir para Nova York. Eu tenho que voltar para a minha origem, que é a única coisa que eu tenho, um apartamento de 200 m² e a minha história junto à classse trabalhadora. Não pensem que eu tenho o direito de fazer algum absurdo com esse país. Economia não se faz com mágica, a gente não inventa", iniciou Lula, direcionando a declaração aos empresários, ao mercado e aos bancos.
"E eu vou dizer para vocês, sem medo de errar, eu já tive muitos ministros, muitos companheiros na Fazenda. Mas, pode ter certeza, se vocês colaborarem, a gente vai terminar o nosso governo com o [Fernando] Haddad passando para a história como o melhor ministro da Fazenda que esse país já teve. É isso que eu quero que vocês acreditem. Nós não vamos brincar em serviço", acrescentou ainda.
Fake news
O presidente, então, reclamou de notícias falsas sobre a economia de seu governo. "Acho que tem muito agiota fazendo sacanagem com o Brasil. Não sei se é gente que vive com a especulação do dólar, se é gente que quer ganhar na Bolsa, mas tem tanta notícia cretina, tanta notícia falsa, que não tem explicação", apontou.
"As pessoas conhecem a história das pessoas, a minha história. 'Ah, mas o Lula 1 é diferente do Lula 2, que é diferente do Lula 3'". Obviamente, eu estou mais bonito agora, mais expeirente, tenho mais conhecimento e eu quero fazer as coisas melhores. Se não, vocês acham que eu voltaria para presidir esse país?", questionou, respondendo que, agora, o governo conta com "acúmulo de experiência".
"Por que eu iria cometer uma loucura, fazer um deslize para agradar quem? Aqui não tem cavalo de pau, tem política serena, discutida", enfatizou o petista. Ele ainda negou que existam rixas entre o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as pautas econômicas. "Quando tiver briga entre os dois, eu sou separador dessa briga porque tem uma mesa redonda aqui e eles participam. Esse processo só dá certo com muita serenidade", disse.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
"Eu não quero ser um [Donald] Trump, um [Javier] Milei, eu não quero fazer bravata, eu não vou, eu estou tranquilo, sereno. Tenho um bom governo, bons ministros, bons presidentes de bancos, bons deputados, amigos sindicalistas. Por que vou ficar nervoso? Por que vou fazer bravata? Não, gente", finalizou o presidente.
Crédito para CLT
As declarações de Lula ocorreram durante cerimônia de lançamento do programa Crédito Trabalhador, que cria a modalidade de crédito consignado para todos os trabalhadores do regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O crédito ficará disponível a partir de 21 de março. O crédito consignado tem taxas e juros menores do que os empréstimos pessoais fornecidos pelos bancos, e as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento do trabalhador.
Segundo o governo federal, o objetivo da medida é reduzir o superendividamento, já que os trabalhadores poderão substituir suas dívidas atuais, com altas taxas de juros, por modalidades mais baratas de crédito. A partir de 25 de abril, quem possuir empréstimos com bancos poderá procurar as instituições financeiras para migrar a dívida. O consignado usará como garantia o valor de até 10% do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) do trabalhador, e até 100% da multa rescisória em caso de demissão do trabalhador.