Ponto a Ponto

Lula: "Se for provado, ele (Bolsonaro) só tem uma saída: ser preso"

Chefe do Executivo enfatiza a gravidade da denúncia contra o ex-presidente, por tentativa de golpe de Estado, e ressalta que, se condenado, o opositor tem de ir para a cadeia. Petista classifica como confissão de culpa a defesa do projeto de lei da anistia

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Lula: "Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que é culpado" - (crédito: Reprodução Youtube)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou ataques ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao Projeto de Lei (PL) da Anistia para os golpistas do 8 de Janeiro. Na avaliação do chefe do Executivo, ao pleitear o perdão antes mesmo da condenação, o opositor prova que cometeu crime.

"Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que é culpado, que cometeu um crime. Ele deveria estar falando: eu vou provar a minha inocência. Mas ele está pedindo anistia", argumentou Lula, em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, emissora dos Diários Associados.

Em tom duro, o presidente disse considerar "muito grave" a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e 33 de seus aliados — a maioria, militares — por liderar uma tentativa de golpe de Estado.

Para a PGR, Bolsonaro e aliados, como o tenente-coronel Mauro Cid, o general Braga Netto e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres conspiraram para desacreditar as urnas eletrônicas, interferir nas eleições e, após o resultado, tentar impedir a posse de Lula. Segundo a denúncia, o então chefe do Executivo estava ciente, ainda, do plano para matar o petista, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), articulado por militares das Forças Especiais do Exército.

Para Lula, caso os denunciados sejam condenados, merecem "uma boa cela e um tratamento com respeito aos direitos humanos".

Outro tema tratado na entrevista foi o da segurança pública, que afeta especialmente o Rio de Janeiro — sede da rádio. Questionado, Lula afirmou que o problema da segurança afeta todos os estados e que quer aumentar a participação do governo federal no tema. Ele lembrou que, de acordo com a Constituição, a responsabilidade pela segurança é das unidades da Federação. O Executivo federal preparou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para o setor.

Conforme destacou Lula, a PEC foi discutida com os governadores, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, está fazendo alterações no texto para amenizar a rejeição dos estados, especialmente dos administrados pela oposição. Ele ainda negou a possibilidade de decretar Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs) para reforçar a segurança dos estados. "A GLO para o Rio de Janeiro gastou mais de R$ 2 bilhões e não resolveu quase nada", argumentou, citando a medida assinada, em 2017, pelo então presidente Michel Temer (MDB).

Questionado sobre o prazo para a aprovação da PEC — que aumenta as competências do governo federal na segurança, oficializa o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e aumenta os poderes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) —, disse que quer a medida aprovada o mais rapidamente possível, mas que depende dos parlamentares.

Carestia

Em meio aos esforços para tentar aliviar o peso dos alimentos no orçamento das famílias, o presidente destacou que o governo "não consegue controlar" os preços dos alimentos "do dia para a noite". Ele culpou a alta demanda por exportações pelo alto preço e reafirmou o compromisso de se reunir com atacadistas na tentativa de baixar os valores.

Segundo ele, o Brasil virou o "supermercado do mundo" e é preciso discutir com os empresários para que exportem sem "faltar" para o povo brasileiro. Lula ainda mencionou que a cesta básica de alimentos será isenta de impostos, por meio da reforma tributária.

O chefe do Executivo também comentou sobre a proposta de renegociação da dívida dos estados com a União, rejeitada pelo governador Cláudio Castro. O petista disse ter certeza de que o gestor estadual vai, eventualmente, aceitar a proposta, assim como outros opositores. Segundo Lula, a dívida do estado está em R$ 218 bilhões.

Castro criticou vetos do presidente ao projeto aprovado no Congresso, como a permissão para estados acumularem os benefícios do acordo e do Regime de Recuperação Fiscal e o uso de verbas do novo Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, criado pela reforma tributária, para o abatimento das dívidas. Os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também dispararam críticas à proposta.

Hoje, o presidente estará no Rio de Janeiro, onde participa, em Itaguaí, da concessão de um terminal no porto da cidade e do anúncio de recursos do Fundo da Marinha Mercante.

Mais crédito

Na entrevista, Lula voltou a dizer que o governo está preparando o lançamento de três medidas de acesso ao crédito, que devem beneficiar os pequenos e médios empreendedores, mas não deu detalhes.

O governo pretende liberar uma nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores do setor privado no próximo mês, com o objetivo de ampliar o acesso à carteira. A equipe econômica trabalha para lançar a nova modalidade na primeira quinzena de março.

Ele também reclamou de ministros que "falam demais", mencionando informações vazadas nas discussões em curso sobre reforma ministerial, e sustentou que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, tem o direito de dar palpites em suas decisões. Ela vem sendo alvo de críticas até de aliados pela influência nos rumos do governo.

O chefe do Executivo voltou a criticar a taxação em massa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil e a outros países, e prometeu baixar o preço dos alimentos. Confira os principais trechos da entrevista:

Denúncia contra Bolsonaro

"O que eu vi, pela denúncia publicada ontem (quarta-feira), é que é muito grave. Outro dia, eu estava dizendo que o Partido Comunista Brasileiro foi perseguido durante quase 50 anos sem ter feito 10% do que a equipe do ex-presidente tentou fazer neste país. Se for provada a denúncia feita pelo procurador-geral — da tentativa de golpe, da participação do ex-presidente, do primeiro escalão dele na tentativa de morte de um ministro da suprema corte eleitoral, da tentativa de assassinato de um presidente da República e do vice-presidente —, é extremamente grave."

Prisão do ex-presidente

"Eu tenho certeza de que, se for provado, ele (Bolsonaro) só tem uma saída: ser preso. Ele e quem participou dessa quadrilha que estava, não tentando governar, mas tentando tomar conta do país como se fosse propriedade privada. Obviamente, acho que eles terão direito de se defender, de dizer que é mentira, mas, se for provado, não tem outra solução, senão ser condenado."

PL da Anistia

"O engraçado é que essas pessoas estão se autocondenando, quando pedem anistia antes de serem julgadas. Primeira coisa que eles têm de fazer é defender a inocência deles. Nem foram julgados e estão pedindo anistia, ou seja, estão dizendo que são culpados. Eles terão de ser julgados, e depois de condenados é que se pode discutir o que fazer com eles: uma boa cela e um tratamento com muito respeito aos direitos humanos. É o que merecem, se forem considerados culpados."

Pressão de Bolsonaro

"Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que é culpado. Ele está provando que cometeu um crime. Ele deveria estar falando: 'Eu vou provar a minha inocência'. Mas ele está pedindo anistia. Ele (Bolsonaro) está dizendo: 'Gente, eu sou culpado. Eu tentei bolar um plano para matar o Lula, para matar o Alckmin, para matar o Alexandre de Moraes, não deu certo, porque eu tive uma diarreia no dia, fiquei com medo. Tive de voar antecipadamente para os Estados Unidos, para não ficar com vergonha de dar posse para o meu adversário, então, por favor, me perdoe, antes de eu ser condenado'. Não. Você vai conhecer que, neste país, a lei é verdadeiramente para todos. Todo mundo neste país tem o direito de provar a inocência, e ele tem esse direito. Prove. Porque ele age como se fosse o dono: 'Se eu não puder fazer uma coisa, vai ser minha mulher que vai fazer; se eu não puder, será meu filho; se eu não puder, vai ser meu neto, como se fosse uma monarquia. Ele quer a família governando este país. Ora, ele tem de se mancar. Isso aqui é uma República Democrática. Isso aqui tem eleição. Este 2025 é o ano em que a verdade tem de derrotar a mentira."

Queda na popularidade

"Eu estou muito satisfeito com as coisas que estão acontecendo no Brasil, e, pode ficar certo, 2025 será o grande ano deste meu terceiro mandato."

Preço dos alimentos

"É importante lembrar que a gente vem de momentos muito cruciais no Brasil, muito sol, o maior calor já feito na história deste país, muito fogo, e depois, em alguns lugares, muita chuva, como no Rio Grande do Sul. Tudo isso tem interferência nos preços. Tivemos a gripe aviária nos Estados Unidos e em outros países, e os Estados Unidos viraram importador de ovo brasileiro, o Vietnã, o Japão, ou seja, nós estamos exportando, o Brasil virou quase que um supermercado do mundo. Nós queremos discutir com os empresários que queremos que eles exportem, mas não pode faltar para o povo brasileiro. Eu sei que o ovo está caro. Quando me disseram que está R$ 40, a caixa com 30 ovos, é um absurdo mesmo. Vamos ter de fazer uma reunião com os atacadistas para saber como podemos trazer isso para baixo. O fato de você estar vendendo o produto em dólar, que está alto, não significa que você tenha de colocar, no preço do brasileiro, o mesmo preço que você exporta. Essa é uma discussão. Da mesma forma, o óleo de soja, a carne."

Cesta básica

"A carne começou a cair, e está certo de que vai cair, e o povo vai voltar a comer sua picanha, a sua costela ou outro pedaço de carne que ele deseja. E nós queremos baixar todo alimento porque, para nós, na reforma tributária, a cesta básica é totalmente isenta de qualquer imposto, inclusive a carne, e nós fizemos isso para baratear. Agora, quando você tem momentos como este que nós estamos vivendo, você não pode controlar do dia para a noite, mas o povo do Brasil pode ter certeza: nós vamos trazer os preços para baixo, e as coisas ficarão mais acessíveis, porque, se tem uma coisa que nós temos que cuidar com muito amor é da segurança alimentar."

Assim como Getúlio

"Fui o único presidente na história do Brasil que, quando terminou o meu mandato, em 2010, fui ao cartório e registrei todas as coisas que foram feitas neste país, e foi distribuído para cada universidade o material, porque, normalmente, os presidentes passam pelo governo e não fazem nada. Se analisar bem a história do Brasil, vai detectar que houve dois momentos, desde a proclamação da República, que houve política de inclusão social: um, foi o Getúlio (Vargas), com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e com o salário mínimo; e o outro, fomos nós. Não teve, fora de nós e do Getúlio, nenhum político que fez política de inclusão social. Recentemente, o salário mínimo ficou sete anos sem reajuste; a merenda escolar, sete anos. É uma coisa absurda o dinheiro para a bolsa de estudo (ficar) sete anos sem reajuste. Essa vergonha de você subir um degrau na escala social e depois cair quatro é uma coisa habitual no Brasil, e eu não vou deixar."

Pé de meia

"Este ano, vamos colher mais do que colhemos entre 2008 e 2010, e vamos colher porque passamos dois anos plantando neste país. Esse Pé de meia é uma revolução na educação, porque nós descobrimos que meio milhão de jovens desistiam do ensino médio porque tinham que ajudar no orçamento familiar. Então, nós resolvemos criar uma poupança para esse jovem. Damos R$ 200 por mês, depositados na conta dele, e ao final do ano, damos R$ 1 mil. Quando chegar ao final do curso, se ele não gastou o dinheiro, tem R$ 9 mil para começar a vida. Se não investirmos nos jovens quando eles precisam, vamos precisar investir no combate ao crime organizado, na construção de cadeias. Eu preferi investir em sala de aula."

Política de crédito

"Eu ainda tenho três coisas para anunciar ao povo brasileiro: temos três políticas de crédito para favorecer o pequeno empreendedor, o médio empreendedor e o pequeno empresário. Será a maior política de crédito já feita neste país. Na minha opinião, o dinheiro tem que circular na mão do povo trabalhador, da classe humilde, da classe média e do pequeno empreendedor. O dinheiro circulando vai gerar crescimento, desenvolvimento, mais emprego e mais salário. Muito dinheiro na mão de poucos dá concentração de miséria. Pouco dinheiro na mão de muitos é distribuição de riqueza e é isso que nós vamos fazer. Eu tenho três coisas para anunciar, e, em breve, vocês saberão."

Gastos do governo

"Essa é uma bobagem. Ouvimos este ano inteiro a discussão 'deficit fiscal', 'deficit fiscal', 'o governo está gastando muito'. O que aconteceu no final do ano? O deficit fiscal foi zero. Ninguém tem mais responsabilidade de fazer as coisas acontecerem de forma correta do que eu. Aprendi economia com uma mulher analfabeta. E ela falava 'meu filho, você não pode gastar o que não tem'. Na Presidência da República é a mesma coisa, não pode gastar o que não tem. Só pode se endividar para fazer um ativo que vai melhorar a vida do povo brasileiro. Não estou governando pela primeira vez. Quando vejo alguns setores, alguns especialistas falando de deficit fiscal, de gastos do governo, ele está sendo irresponsável, possivelmente, queira viver de especulação. Não vamos permitir. Se tem alguém que quer cuidar corretamente da economia é o ministro Fernando Haddad, se tem uma pessoa que quer cuidar do deficit fiscal zero, sou eu. Mas a gente não vai ser irresponsável de fazer o povo pobre se sacrificar, quem já é prejudicado historicamente na vida."

Reforma ministerial

"Muita gente fala em reforma política, sem eu falar, fala em reforma ministerial, sem eu falar. Como eu sou um democrata, eu aceito que todo mundo dê palpite sobre tudo. Agora, as decisões, sou eu que tomo, a hora que eu tiver que mudar alguém, eu vou mudar alguém. Isso é como o técnico do Flamengo, ou seja, o técnico tira o jogador que ele quer, na hora que ele quiser. Não é a torcida que exige que ele tire."

PEC da Segurança

"Ao aprovar a PEC, a gente vai poder ajustar do ponto de vista da contribuição financeira, da criação do fundo, da ação da Polícia Federal (PF), da ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e, aí sim, nós vamos ter legalmente oficializada a participação do governo na ajuda aos estados para poder combater a violência."

Participação da União

"Nós queremos ter uma participação mais efetiva, e mais forte, na segurança de cada estado. Muitas vezes, os governadores não querem, porque a polícia é um pedaço do poder do estado. De vez em quando, eles pedem que eu faça uma GLO, mas eu não vou fazer GLO. A GLO para o Rio de Janeiro gastou mais de R$ 2 bilhões e não resolveu quase nada."

Aprovação da proposta

"O tempo é o tempo do Congresso Nacional. O que nós queremos é muita rapidez, porque a violência à qual o povo do Rio está submetido, não dá para esperar."

Dívida do Rio

"Se os governadores assinarem o acordo, que foi aprovado pelo Congresso Nacional, eu acho que vai ser bom para todos os estados e vai ser bom para o Rio de Janeiro. Eu não sei se o governador (Castro) vai amanhã (hoje) a Itaguaí. Ele, no começo, disse que não tinha aceitado, que ia entrar na Justiça, mas eu acho que seria bom para o Rio de Janeiro ele concordar com o acordo. São Paulo está concordando. Minas Gerais fala, mas também está concordando, e eu tenho certeza de que o governador Cláudio Castro vai concordar, porque o acordo é bom. Não para o governo federal. Para o governo federal, o acordo não é bom. Ele é bom para o Rio de Janeiro."

Relação Brasil-EUA

"Nós não temos dependência dos Estados Unidos como tivemos há 20, 30 anos. Temos uma relação comercial e diplomática muito equilibrada. O que queremos, de verdade, é que Trump governe os Estados Unidos e pare com essa história de protecionismo. Eu gostaria que o presidente Trump levasse em conta que é preciso respeitar a soberania de cada país, porque isso significa fortalecer a democracia. Do jeito que ele está fazendo, está tentando ser o imperador do mundo, tentando dar palpite em todos os países, em todas as políticas públicas, contra imigrantes. Os imigrantes que estão nos Estados Unidos foram para lá, muitas vezes, para trabalhar em profissões que os americanos já não queriam mais. O que nós queremos é que se respeite as regras da democracia, a ONU (Organização das Nações Unidas), a Organização Mundial do Comércio (OMC). E que a gente faça uma relação comercial sem sobressalto. Se, por acaso, o presidente Trump taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil, não tem outra alternativa. Isso vai encarecer os produtos para todo mundo, pode aumentar a inflação em todo o mundo. Então, não é correto o que ele está fazendo. É muita ameaça, todo santo dia, para muitos países."

Críticas a Janja

"Sinceramente, eu acho graça quando eu ouço dizer : 'Ah, porque a Janja dá palpite na vida do Lula'. A coisa gostosa que tem na minha relação com a Janja é que ela dá palpite na minha vida. Ela cuida de mim de uma forma muito especial, isso não me incomoda, isso me ajuda. Se os ministros falam demais, isso é prejudicial aos próprios ministros. Desde o outro mandato, eu sempre dizia que tem um anão na minha sala, escondido debaixo da mesa, porque a gente faz reunião em que ninguém pode falar nada dessa reunião, nem acaba, e já tem coisa lá fora, as pessoas estão sabendo. Isso não me incomoda, porque eu sei o time que eu tenho. E é um time primoroso, está trabalhando muito, e é por isso que nós passamos dois anos organizando o que estamos fazendo agora. Vamos ter um 2025 e um 2026 primorosos neste país."

Cuidados com a saúde

"Se eu não falar bem da minha saúde, quem é que vai falar? Meus adversários? Não. Meus adversários vão dizer que Lula está velho. Eu é que tenho de provar que estou jovem, animado e disposto. Quem quiser brigar comigo, não vai brigar pela internet, vai brigar nas ruas deste país, porque, a partir de agora, eu vou viajar toda semana, vou inaugurar coisa toda semana, vou anunciar novas coisas toda semana. Posso dizer que, em 2025, a verdade vai enterrar a mentira."

 

 

Rafaela Gonçalves
Victor Correia
postado em 21/02/2025 03:55