delação premiada

Bolsonaro queria usar dinheiro das joias para pagar condenação e multas de motociata

Ex-presidente se queixava financeiramente, segundo Mauro Cid. Ele havia solicitado o levantamento dos valores de presentes da União para vendê-los e pagar condenação em litígio à deputada e infrações de trânsito 

Ex-presidente reclamava das multas de trânsito que recebia por não usar capacete nas motociatas, segundo Cid -  (crédito: Rafael Vieira/Diário de Pernambuco/DA Press)
x
Ex-presidente reclamava das multas de trânsito que recebia por não usar capacete nas motociatas, segundo Cid - (crédito: Rafael Vieira/Diário de Pernambuco/DA Press)

O ex-presidente Jair Bolsonaro tinha planos para uma parcela do dinheiro das vendas de joias da União. Ele pretendia usar os valores para pagar a condenação judicial em litígio à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), além de saldar as infrações de trânsito por causa das motociatas. Segundo o tenente-coronel Mauro Cid, em delação premiada, o ex-chefe do Executivo se queixava financeiramente e havia solicitado o levantamento dos valores dos presentes da União para vendê-los.

“Jair Bolsonaro estava reclamando dos pagamentos de condenação judicial em litígio com a deputada federal Maria do Rosário e gastos com as mudanças e transporte do acervo que deveria arcar, além de multas de trânsito por não usar o capacete nas motociatas”, disse o ex-ajudante de ordens. 

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

A informação consta no documento de delação premiada, firmado com a Polícia Federal, que teve sigilo derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (19/2). A suposta apropriação indevida de bens do país é alvo de uma investigação da Polícia Federal. O inquérito apura se o ex-presidente e ex-assessores tentaram trazer ilegalmente presentes dados à União. A PF aponta que os bens teriam ido diretamente para o acervo pessoal do ex-chefe do Executivo. 

“Diante disso, o ex-presidente solicitou ao colaborador quais presentes de alto valor que havia recebido em razão do cargo; QUE o colaborador verificou que os presentes mais fáceis de mensurar o valor seriam os relógios, e solicitou ao GADH a lista de relógios que o presidente recebeu de presente; QUE avisou ao então Presidente que o relógio que poderia ser vendido de forma mais rápida seria o Rolex de ouro branco presenteado pela Arábia Saudita em 2019”, relatou Cid. 

O ex-ajudante de ordens afirmou também ter feito pesquisas sobre valores e melhores lugares para venda dos itens de luxo. 

“QUE recebeu determinação do presidente para levantar o valor do relógio ROLEX para venda; QUE o ex-presidente autorizou o colaborador a vender o relógio ROLEX e os demais Itens do kit; QUE o colaborador pesquisou na internet, inclusive no Brasil, sobre os melhores valores para a venda: QUE não houve indicações de locais por terceiros”, contou. 

Luana Patriolino
postado em 19/02/2025 15:36 / atualizado em 19/02/2025 15:48