
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou em sua delação premiada que o general Braga Netto teria cogitado financiar um plano para sequestrar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com recursos do Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente. A informação consta no depoimento prestado por Cid ao próprio Moraes. O sigilo da delação foi retirado nesta quarta-feira (19/2) pelo magistrado.
Segundo a transcrição do depoimento, Cid teria procurado o ex-ministro da Defesa em busca de apoio financeiro para o plano e recebeu como resposta a recomendação de buscar recursos no PL. "O colaborador procurou o General Braga Netto informando dessa solicitação e recebeu como resposta a indicação de que procurasse o PL para obter o dinheiro necessário para a operação", diz o documento.
Cid relatou que Braga Netto sugeriu que os militares envolvidos no plano apresentassem um orçamento detalhado. “O general deu a ideia: peça para eles fazerem uma solicitação, o que eles precisam inicialmente, e nós vamos ver se o partido consegue bancar alguma coisa.”
O orçamento incluía gastos com hotel, transporte e passagens aéreas. Inicialmente, Cid estimou um valor de R$ 100 mil, mas admitiu que falou esse número "até de maneira brincando". Quando procurou um representante do PL — cuja identidade ele não recorda — para solicitar o dinheiro, recebeu a resposta de que o partido não poderia financiar o movimento, nem fornecer apoio com manifestantes ou material.
"O valor de cem mil (R$ 100 mil), inicialmente, fui eu que falei, assim, até de maneira brincando. Não tinha nem ideia de gasto. E o General Braga Netto me orientou a perguntar se o partido poderia custear isso aí. Aí eu fui conversar com o coronel lá que era responsável pelo partido. Eu não me recordo o nome dele. Inclusive, ele viu o documento", explicou Cid.
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Diante da negativa do PL, Braga Netto teria buscado financiamento junto a empresários do agronegócio. "O General Braga Netto entregou e comentou que era alguém do agro que tinha dado. Mas eu não sei o nome de quem foi", apontou Cid. O ex-ajudante de ordens afirmou ainda que o dinheiro arrecadado pelo general foi entregue ao coronel Rafael de Oliveira em uma sacola de vinhos.