Ataque à democracia

Delação de Mauro Cid aponta que Braga Netto cogitou financiar plano golpista

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro relatou que general teria sugerido que os militares envolvidos no plano apresentassem um orçamento detalhado para tentativa de golpe

Diante da negativa do PL em financiar tentativa de golpe, Braga Netto teria buscado financiamento junto a empresários do agronegócio -  (crédito: Fernando Frazão/Agencia Brasil)
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Diante da negativa do PL em financiar tentativa de golpe, Braga Netto teria buscado financiamento junto a empresários do agronegócio - (crédito: Fernando Frazão/Agencia Brasil)

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou em sua delação premiada que o general Braga Netto teria cogitado financiar um plano para sequestrar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com recursos do Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente. A informação consta no depoimento prestado por Cid ao próprio Moraes. O sigilo da delação foi retirado nesta quarta-feira (19/2) pelo magistrado.

Segundo a transcrição do depoimento, Cid teria procurado o ex-ministro da Defesa em busca de apoio financeiro para o plano e recebeu como resposta a recomendação de buscar recursos no PL. "O colaborador procurou o General Braga Netto informando dessa solicitação e recebeu como resposta a indicação de que procurasse o PL para obter o dinheiro necessário para a operação", diz o documento.

Cid relatou que Braga Netto sugeriu que os militares envolvidos no plano apresentassem um orçamento detalhado. “O general deu a ideia: peça para eles fazerem uma solicitação, o que eles precisam inicialmente, e nós vamos ver se o partido consegue bancar alguma coisa.”

O orçamento incluía gastos com hotel, transporte e passagens aéreas. Inicialmente, Cid estimou um valor de R$ 100 mil, mas admitiu que falou esse número "até de maneira brincando". Quando procurou um representante do PL — cuja identidade ele não recorda — para solicitar o dinheiro, recebeu a resposta de que o partido não poderia financiar o movimento, nem fornecer apoio com manifestantes ou material.

"O valor de cem mil (R$ 100 mil), inicialmente, fui eu que falei, assim, até de maneira brincando. Não tinha nem ideia de gasto. E o General Braga Netto me orientou a perguntar se o partido poderia custear isso aí. Aí eu fui conversar com o coronel lá que era responsável pelo partido. Eu não me recordo o nome dele. Inclusive, ele viu o documento", explicou Cid.

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Diante da negativa do PL, Braga Netto teria buscado financiamento junto a empresários do agronegócio. "O General Braga Netto entregou e comentou que era alguém do agro que tinha dado. Mas eu não sei o nome de quem foi", apontou Cid. O ex-ajudante de ordens afirmou ainda que o dinheiro arrecadado pelo general foi entregue ao coronel Rafael de Oliveira em uma sacola de vinhos.

Fernanda Strickland
postado em 19/02/2025 15:54 / atualizado em 19/02/2025 16:00