
A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado repercutiu entre parlamentares governistas. Além de Bolsonaro, foram denunciados o general Walter Braga Netto, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Ao total, são 34 denunciados.
Gleisi Hoffmann, deputada federal (PT-PR) e presidente do PT, classificou a denúncia da PGR como "um passo fundamental na defesa da democracia e do estado de direito". "O procurador-geral baseou-se nas contundentes provas colhidas pela Polícia Federal sobre a conspiração para um golpe de estado, a tentativa de abolição violenta do estado de direito e a formação de organização criminosa. É a verdade falando alto, para que todos paguem por seus crimes. E que nunca mais tentem fraudar eleições, depor governos legítimos, tramar assassinatos. Golpe e ditadura, nunca mais. Sem anistia", disse.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo Lula no Congresso Nacional, afirmou que agora Bolsonaro pode virar réu, com direito a ampla defesa. "É acusado de organização criminosa, tentativa de golpe, e abolição da democracia. Se condenado pode pegar até 28 anos de cadeia. Tarda, mas não falha", citou.
O deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo Lula na Câmara, destacou que a denúncia contra Bolsonaro garante justiça. O parlamentar também citou que a democracia exige vigilância constante e compromisso com os princípios. " O Brasil vive um momento histórico! Nossas instituições republicanas e democráticas estão sólidas e determinadas na defesa da democracia", disse.
"A defesa da vontade popular, expressa nas urnas, deve ser protegida contra qualquer tentativa de minar os processos democráticos que garantem a soberania do povo. Em tempos como estes, é fundamental reforçar nosso compromisso coletivo. O momento decisivo para mostrar que a democracia conquistada levou anos para se consolidar, está acima de qualquer projeto autoritário. Justiça sendo feita, o Brasil está virando uma página histórica das intentonas subversivas da ordem democrática", acrescentou José Guimarães.
A deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), líder do partido na Câmara, também comentou sobre a denúncia da PGR. "Com isso, o ex-presidente, que já foi condenado à inelegibilidade, pode ser julgado e condenado à prisão pelos outros crimes que cometeu. Entre esses crimes está a tentativa de golpe de Estado liderada por Bolsonaro e seus aliados", citou. "Grande dia", emendou a parlamentar.
Denúncia da PGR
Os 34 denunciados pela PGR são acusados de cometer os seguintes crimes:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- golpe de Estado;
- dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima;
- deterioração de patrimônio tombado.
Segundo as investigações, o plano iniciou em 2021, com os ataques sistemáticos ao sistema eletrônico de votação, por meio de declarações públicas e na internet. As denúncias serão analisadas pelo relator do caso no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes.
"As investigações revelaram a operação de execução do golpe, em que se admitia até mesmo a morte do presidente e do vice-presidente da República eleitos, bem como a de ministro do STF. O plano teve anuência do então presidente da República", frisa a PGR.
"A violência no dia 8 de janeiro foi a última tentativa. A organização incentivou a mobilização do grupo de pessoas em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, que pedia a intervenção militar na política. Os participantes fizeram o percurso acompanhados e escoltados por policiais militares do DF, invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. O episódio gerou prejuízos de mais de R$ 20 milhões", acrescenta a instituição.
A defesa de Jair Bolsonaro emitiu uma nota, na noite de terça-feira (18/2). Segundo os advogados do ex-presidente, a denúncia apresenta “precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos”.
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