
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou, em denúncia encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (18/2), que o grupo em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro indicou que o dinheiro para o plano de matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi entregue em uma sacola de vinho pelo ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto.
A afirmação faz parte da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que teve trechos incluídos na denúncia apresentada. O militar confirma que os recursos usados para bancar o plano ‘Copa 2022’ foram viabilizados por Braga Netto junto ao “pessoal do agronegócio”
“O coronel de Oliveira esteve em reunião com o colaborador e o general Braga Netto no Palácio do Planalto ou da Alvorada, onde o General Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a realização da operação. O dinheiro foi entregue numa sacola de vinho. O general Braga Netto afirmou à época que o dinheiro havia sido obtido junto ao pessoal do agronegócio. O colaborador Mauro Cid não precisava nem mesmo pormenorizar o conteúdo do arquivo ‘Copa 2022’”, diz a PGR.
O dinheiro teria sido entregue aos chamados Kids Pretos, das forças especiais do Exército. Eles seriam os responsáveis por executar o plano. A PGR aponta que conversas interceptadas ao longo da investigação indicam que teria sido solicitado a Braga Netto R$ 100 mil.
Plano de assassinato
A PGR denunciou, na terça-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo o órgão, o ex-chefe do Planalto tinha ciência e participação ativa em uma trama golpista para se manter no poder e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a denúncia, assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro sabia do plano para matar Lula e concordou. Os investigados também pretendiam assassinar o vice Geraldo Alckmin e o próprio ministro Alexandre de Moraes. Ele classificou como “episódios assombrosos”.
“A execução de atos de essência golpista, e, portanto, criminosos desde logo, também se estampa em outro conjunto de episódios assombrosos desvendados no inquérito policial. As investigações revelaram aterradora operação de execução do golpe, em que se admitia até mesmo a morte do presidente da República e do vice-presidente da República eleitos, bem como a de ministro do Supremo Tribunal Federal”, diz trecho do documento.