
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre relação com os Estados Unidos e, em especial, com o presidente Donald Trump nesta segunda-feira (17/2), durante evento da Petrobras em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele questionou onde está a democracia, o livre trânsito de comércio e de pessoas no país norte-americano.
“Os Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, se comportaram, aos olhos do mundo, como símbolo da democracia. O ‘sonho americano’. Era um país que dava oportunidade para todo mundo”, relembrou o presidente.
Lula afirmou que, com a entrada de ‘outro presidente’, o discurso mudou ‘completamente’. Mesmo sem citar Donald Trump, as características atribuídas ao governo descrevem a política do atual presidente dos EUA.
“Tem um novo discurso, a ‘América para os americanos’. Vamos taxar tudo que é importado e mandar embora todos imigrantes. Os imigrantes que foram para os EUA e ajudaram a construir aquela pátria grande a riqueza dos EUA, até votam, a maioria. E resolveram mandar embora”, lamentou o presidente.
“E aí eu fico pensando: cadê a democracia? Cadê o respeito ao livre trânsito do ser humano, se você tem livre trânsito do capital? Cadê o livre comércio que foi tão apregoado? E aí começa a ameaçar o mundo. Todo dia tem uma ameaça”, acrescentou.
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O chefe do Executivo também declarou que pretende se manter sem atritos com Trump, mas, que também, não aceitará “nenhum desaforo”. “O Brasil é um país de paz. A gente não tem divergência com nenhum país. A gente gosta de todo mundo, e a gente quer que todo mundo goste da gente. Eu, ao invés de um murro, gosto de dar um abraço. Ao invés de uma mordida, gosto de dar um beijo. Então, é esse país que nós estamos construindo. Não vamos aceitar nenhum desaforo”, disse.
Apesar de ainda ser efusivo sobre resistência ao ‘tarifaço’ de Trump, Lula amenizou o tom contra os Estados Unidos. Na última sexta-feira (14/2), o presidente chegou a dizer que acionaria a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a decisão de acrescer taxa de 25% sobre as exportações de aço para o mercado norte-americano. Mas, agora, pede, em tom ameno, por igualdade.
“O Brasil é do povo brasileiro e eles têm que respeitar as coisas que nós fazemos aqui dentro. É importante que a gente tenha orgulho de dizer: nós somos brasileiros e não desistimos nunca. Esse país é nosso. Esse país é grande, esse país é poderoso. O que faltava era vergonha na cara daqueles que dirigiam o país. E eu não tenho complexo de vira-lata. Não sou maior do que ninguém, mas não sou menor do que ninguém. Apenas quero o direito de ser igual, de ser ouvido, quero que ele respeite a nós, como respeitamos eles”, finalizou o presidente.
Agenda no RJ
Lula visitou, na manhã de hoje, a Feira de Negócios da Indústria Naval e Offshore Brasileira, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Na sequência, ele compareceu a uma cerimônia de anúncios para a indústria naval. Na ocasião, foi lançada uma licitação para a aquisição de oito navios gaseiros, que faz parte do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras. Também foi assinado um protocolo de intenção para reaproveitar plataformas da Petrobras, que não estão atuantes.
O presidente retorna a Brasília ainda nesta tarde.