
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta sexta-feira (14/2) que não tem qualquer relação com Donald Trump, mas destacou, no entanto, que a relação do Brasil com os Estados Unidos é sólida e duradoura. Lula também afirmou que caso se confirme a ameaça da taxação do aço, o Brasil revidará.
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"Não tem relacionamento [com Donald Trump]. Eu não conversei com ele e ele não conversou comigo. O relacionamento é entre Estados Unidos e Brasil. Nós temos 200 anos de relações diplomáticas. O Brasil considera os Estados Unidos um país extremamente importante para a relação com o Brasil e espero que o Estados Unidos reconheça o Brasil como um país mto importante", afirmou o presidente Lula.
As declarações foram dadas em entrevista à rádio Clube do Pará. O presidente está em agenda na região Norte e vistoria obras da COP30, que será realizada em Belém.
O presidente comentou também o tarifaço promovido por Trump para taxar produtos importados para os Estados Unidos. Lula considerou que se preocupa com a política protecionista promovida por Trump, na contramão do livre comércio proposto pelo próprio país através do consenso de Washinton, mas frisou que caso as propostas de Trump atinjam o Brasil, o governo brasileiro vai reagir comercialmente.
"Eu ouvi dizer que [Trump] vai taxar o aço brasileiro. Se vai taxar o aço brasileiro nós vamos reagir comercialmente. Ou vamos denunciar na Organização do Comercio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles. A relação do brasil com os Estados Unidos é muito igualitária. Eles importam de nós 40 bilhões de dólares e nós importamos 45 bilhões. É o único país do mundo que tem superáviti com relação ao Brasil. Então nós queremos paz, não queremos guerra. O Brasil não tem contencioso internacional. Olha, se o Trump tiver esse comportamento com o Brasil, nós teremos esse comportamento com o Trump. Se tiver alguma atitude contra o Brasil, haverá reciprocidade", declarou o presidente.
O Brasil tem tratado com cautela as ameaças de taxação de Donald Trump. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin afirmou que poderá negociar o assunto com os Estados Unidos e que um dialógo já foi iniciado pela embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Na quinta-feira (13/2) o ministro da Fazenda Fernando Haddad seguiu o mesmo tom e afirmou que aguarda medidas efetivas para considera o que, de fato, pode ser feito sobre o assunto.
"Eu tenho conversado com Alckimin sobre esse assunto e chegamos a conclusão de que pela maneira como as coisas estão sendo anunaciadas e fetas é melhor aguardarmos para verificar. Primeiro que O Estados Unidos tem superávit com o Brasil se levar em conta bens e serviços. [...] Então não faz nem muito sentido nós complicarmos o que está funcionando bem. A balança é relativamente estável, favorável a eles. Então diante da maneira como estão sendo anunciadas as medidas, confirmadas ou não, nós vamos aguardar. Temos que ver como é que termina essa história. Assim que tivermos o balanço do que eles pretendem, aí sim vamos estar com a radiografia feita e vamos considerar", declarou Fernando Haddad em conversa com jornalistas.
Donald Trump anunciou taxação sobre o aço brasileiro em 25% a partir de 12 de março. Especialistas analisam que a medida trará impacto ao setor. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA.