O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os atentados de 8 de janeiro de 2023, ocorridos em Brasília, foram motivados por "fanatismo político" e "discurso de ódio". Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro, o decano disse que esses "impulsos" foram largamente disseminados na gestão anterior do governo federal. As declarações ocorreram no evento realizado no Supremo que marca os dois anos dos atos extremistas.
O ministro Edson Fachin conduziu uma roda de conversa com servidores da Corte sobre o tema. Gilmar destacou que o Supremo teve prejuízos de R$ 12 milhões com as depredações.
"A cada dia que passa, estou mais convencido de que os fatos que ali se sucederam refletiam a reverberação de uma ideologia rasteira, que inspirou a tentativa de golpe de Estado, surgida como uma reação violenta à vitória eleitoral do atual presidente da República. Essa reação decorre dos impulsos que já vinham sendo largamente disseminados na gestão anterior: o discurso de ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação — estratégias concebidas pela extrema direita para a preservação do poder", disse o ministro.
O ministro destacou ainda que as eleições de 2018 já foram realizadas sobre ideais radicalistas.
"Fruto do sectarismo, o radicalismo político fez-se presente já nas eleições de 2018, em uma campanha caracterizada pela ampla utilização de redes sociais para difusão de ódio, ataques pessoais e teorias conspiratórias. Com o encerramento das eleições e a instalação do governo em 2019, essa estratégia influenciou não apenas a comunicação oficial do Palácio do Planalto, como o discurso do grupo político que, ao assumir o poder, radicalizou o debate mediante a criminalização da oposição, o desprezo à alteridade e os ataques sistemáticos às instituições, com incontida violência endereçada sobretudo à Suprema Corte", completou ele.
As declarações ocorrem na iminência de uma denúncia a ser apresentada no Supremo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, o ex-ministro Anderson Torres e outros.
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