Dois anos do 8/1

Restauração de relógio levou mil horas e casco de tartaruga, diz embaixador

O governo da Suíça se ofereceu para restaurar o relógio, que foi de Dom João VI, de Portugal, sem custo ao Brasil. Peça foi devolvida ao Planalto nesta quarta-feira (8/1)

"A restauração do relógio foi complexa. Precisou da excelência e da fiabilidade helvéticas, mas também da criatividade e do jeitinho suíço brasileiro", disse Lazzeri - (crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press)

O embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, afirmou nesta quarta-feira (8/1) que a restauração do relógio de Dom João VI destruído durante os ataques de 8 de janeiro levou mais de mil horas de trabalho. A peça também precisou de diferentes tipos de materiais, como bronze e até casco de tartaruga.

“A restauração do relógio foi complexa. Precisou da excelência e da fiabilidade helvéticas, mas também da criatividade e do jeitinho suíço brasileiro. Funcionou. O histórico fabricante suíço Audemars Piguet, que aqui tem um representante, e os artesãos especialistas na mecânica relojoeira, o bronze, o casco de tartaruga, que foi uma coisa exótica que nós descobrimos, dedicaram mais de mil horas de trabalho com talento e precisão”, discursou Lazzeri.

A Suíça é conhecida por sediar vários dos maiores fabricantes de relógios do mundo. Lazzeri afirmou ainda que o país ajudou a capacitar técnicos brasileiros para fazer a manutenção da peça, que possui cerca de quatro séculos de idade. O embaixador defendeu, ainda, a necessidade de se proteger os patrimônios históricos e artísticos.

“Nós estamos convencidos — eu sou historiador, então sou um pouco suspeito — da importância de proteger o patrimônio cultural e artístico, que formam a identidade cultural do país, e também a história e os nossos valores em comum. É um dia de alegria, mas também de reflexão”, acrescentou.

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O relógio de mesa histórico foi fabricado por Balthazar Martinot e André Boulle no século XVII, presenteado ao rei de Portugal Dom João VI e trazido para o Brasil em 1808. Segundo Lazzeri, a parte mais complicada da restauração foi reproduzir a cor original do gesso sobre as partes de casco de tartaruga, além da confecção dos vidros laterais, que são curvos, e o endireitamento dos bronzes deformados.

A entrega de 21 obras de arte restauradas ao Palácio do Planalto faz parte de uma série de eventos realizada hoje pelo governo federal em memória dos dois anos dos ataques golpistas de 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.

As peças incluem o quadro As Mulatas, do pintor Emiliano di Cavalcanti, e uma ânfora portuguesa. Os itens foram restaurados, em sua maioria, em um laboratório montado no Palácio da Alvorada, com exceção do relógio.

Victor Correia
postado em 08/01/2025 11:16 / atualizado em 08/01/2025 11:30
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