O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a tentativa de golpe de Estado e citou o ex-ministro Braga Netto, preso na manhã deste sábado (14/12) pela Polícia Federal. Em entrevista ao Fantástico, que foi ao ar na noite deste domingo (15), o petista definiu a situação como "muito grave".
"Pessoas, que chegaram ao cargo de general de quatro estrelas, montaram uma máquina de fazer maldades e dar um golpe nesse país. É muito grave o que eles fizeram", declarou. Braga Netto é apontado pela Polícia Federal como figura central na tentativa de golpe.
Na sequência, o presidente afirmou ter recebido as notícias "com muita tristeza". "Saber que pessoas que passaram a vida inteira recebendo dinheiro da União, para cuidar da soberania nacional, estavam tramando um golpe nesse país, é muito triste", disse. "Muito triste para quem passou por lutas pelas liberdades democráticas ainda muito jovem, que foi para a rua pedir pelas Diretas Já e pelas greves."
O plano de golpe, segundo apurou a PF, incluía o planejamento do assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF, Alexandre de Moraes. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, afirmou que o ex-ministro teria entregado dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, para financiar o plano golpista.
Saúde de Lula
Na entrevista, Lula também comentou o seu estado de saúde após alta hospitalar. "Os médicos me dão tranquilidade. Se eu me cuidar, esperar cicatrizar, estarei recuperado logo", disse. "Eu me sinto um cara protegido por Deus. Um cara que nasceu onde eu nasci e não morreu de fome, é um cara protegido por Deus", declarou.
De acordo com ele, os próximos planos são focar na saúde e se recuperar. "Eu sou muito disciplinado. Vou ficar em São Paulo até quinta-feira para os últimos exames e volto para Brasília para continuar trabalhando."
Durante a conversa, o presidente também relembrou a ida ao hospital e o acidente que ocasionou a hemorragia no cérebro. "Estava sozinho, Janja estava na cozinha e eu caí sozinho. Durante alguns segundos, não consegui mexer as mãos e as pernas". Em seguida, o presidente relatou que foi ao hospital fazer exames, quando os médicos disseram que a batida foi grave, mas que ele ia se recuperar.
Lula disse que seguiu a orientação dos profissionais de saúde, mas voltou a fazer academia e seguir a agenda de compromissos após o acidente. "Passei a me cuidar, não podia mais machucar a cabeça e nem fazer movimento brusco, mas voltei a fazer ginástica e musculação", disse.
Dias depois, Lula começou a sentir os sintomas que o levaram até o hospital. "Na segunda-feira comecei a sentir alguns sinais estranhos nas pernas. Fiquei com dor de cabeça e achei que fosse por causa do sol. Não levei muito a sério". No dia seguinte, decidiu marcar uma consulta.
Lula relembrou que os médicos ficaram assustados após ver o resultado dos exames e pediu que ele fosse com urgência para São Paulo. A primeira-dama Janja também participou da entrevista e afirmou que "foi a pior noite" para ela. "Eu não sabia como íamos acordar na terça-feira, foi um momento angustiante".
Durante o período que passou no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o presidente foi submetido a uma trepanação, um método em que são feitas perfurações (pequenas e com cicatrização espontânea) no crânio. No caso de Lula, foram feitas entre duas lâminas da meninge, seguidas da colocação de um dreno, por onde sai o sangue acumulado após a hemorragia.
Na manhã deste domingo (15/12), Lula teve alta hospitalar após se recuperar bem da cirurgia. Em seguida, ele surpreendeu ao aparecer no meio de uma entrevista coletiva marcada para o fim da manhã para atualizar sobre seu estado de saúde.
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