Emendas parlamentares

Senado diz ao STF que cumpriu regras e pede liberação de emendas

Ofício assinado pela advocacia da Casa afirma que as indicações seguiram os critérios de transparência exigidos pelo ministro Flávio Dino no início de dezembro

Pagamento das emendas do atual orçamento só pode ser feito até 31 de dezembro; na foto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) -  (crédito: Saulo Cruz/Agência Senado)
Pagamento das emendas do atual orçamento só pode ser feito até 31 de dezembro; na foto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) - (crédito: Saulo Cruz/Agência Senado)

O Senado Federal disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (30/12) que cumpriu os critérios de transparência exigidos pela Corte para a indicação de emendas parlamentares e pediu a liberação dos recursos. O ofício, assinado pela advocacia do Senado, é uma resposta a uma solicitação feita pelo ministro Flávio Dino no domingo (29), na decisão que liberou parte dos pagamentos.

“O que se depreende é que o Senado Federal observou o procedimento previsto segundo as normas vigentes para a efetivação das aludidas emendas de comissão, o que deve importar na promoção dos empenhos respectivos, cujo prazo se encerra amanhã, 31 de dezembro de 2024, ressalvados eventuais impedimentos de ordem técnica, assim como a própria discricionariedade do Poder Executivo”, escreveu a advocacia do Senado.

“Pede-se, assim, que esse nobre juízo autorize o Poder Executivo a cumprir seu mister de formalizar os empenhos em relação às emendas de comissão feitas pelo Senado Federal”, continua.

O documento diz também que o "diálogo institucional" entre os Três Poderes tem trazido "boa evolução para o aprimoramento das regras orçamentárias”. “O Senado observou rigorosamente as determinações constantes das decisões judiciais”, escreveu a advocacia da Casa Alta, referindo-se às exigências feitas por Dino em decisão de 2 de dezembro.

Detalhou, ainda, que identificou os autores de emendas; que os líderes partidários se encarregaram da individualização das emendas e que “a todas essas informações, o Senado Federal conferiu absoluta e exigida transparência”.

Entenda o caso

O imbróglio envolvendo o pagamento de emendas é antigo. Flávio Dino herdou de sua antecessora, a ex-ministra Rosa Weber, os casos que envolviam o orçamento secreto, que foi extinto por decisão do STF em 2022. Em agosto deste ano, mandou bloquear o pagamento de todas as emendas cujo pagamento era obrigatório por falta de transparência na indicação e envio dos recursos.

Em resposta, o Congresso aprovou uma lei que trazia novas regras para as emendas, mas, na prática, pouco avançava na questão de transparência. Dino liberou os pagamentos em 3 de dezembro, mas estabeleceu condições de transparência. A liberação foi suficiente para atender às exigências do Congresso e aprovar o pacote de corte de gastos.

Bloqueio de R$ 4,2 bi

Em 12 de dezembro, quando o governo corria para aprovar o pacote de corte de gastos no Congresso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), suspendeu todas as sessões de comissões na Casa. O objetivo era acelerar a votação dos temas que já estavam no plenário. A conta chegou para o governo no mesmo dia: um ofício sigiloso assinado pelos 17 líderes partidários da Câmara – incluindo o líder do governo, José Guimarães (PT-CE) – indicava 5.449 emendas, que totalizava R$ 4,2 bilhões.

Segundo a revista Piauí, a lista incluía R$ 180 milhões em novas indicações. A maior parte iria para Alagoas, estado de Arthur Lira. O Psol foi ao Supremo Tribunal Federal questionar os valores.

Em 23 de dezembro, quando os parlamentares já haviam entrado em recesso, o ministro Flávio Dino bloqueou os valores. Também determinou que a Polícia Federal abrisse um inquérito para investigar possíveis irregularidades.

No domingo (29), o magistrado voltou atrás e liberou parte dos recursos. A Advocacia-Geral da União (AGU), no entanto, disse hoje (30) que há dúvidas sobre a última decisão de Dino e orientou o governo a segurar os pagamentos até que os pontos sejam esclarecidos.

Israel Medeiros
postado em 30/12/2024 16:20
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