O advogado José Luís de Oliveira Lima, responsável pela defesa do general Walter Braga Netto, afirmou ontem que solicitará à Polícia Federal (PF) uma acareação entre seu cliente e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. O pedido visa confrontar diretamente as versões apresentadas por ambos no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
José Luís de Oliveira Lima defendeu, durante uma entrevista à GloboNews, a necessidade de uma acareação entre Braga Netto e Mauro Cid, classificando o procedimento como a maneira mais transparente de esclarecer as contradições entre os depoimentos. “Vou pedir uma acareação entre Braga Netto e o Cid. Quero os dois ali, um na frente do outro. Essa é a maneira adequada para confrontar as versões e dissipar qualquer dúvida sobre os fatos”, afirmou o advogado.
Ele também cobrou celeridade no processo e destacou que, assim que tiver acesso aos autos, sua equipe jurídica estará pronta para desmontar as acusações apresentadas pela delação de Mauro Cid. “Eu preciso ter acesso aos documentos completos para poder exercer plenamente a defesa do meu cliente. Não se pode construir uma acusação tão grave com base em falas isoladas e contraditórias”.
De acordo com Lima, a delação premiada de Mauro Cid, homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, apresenta inconsistências e foi obtida sob pressão. O advogado classificou o militar como um “mentiroso contumaz” e questionou a credibilidade das informações fornecidas à Justiça. “Como é que pode dar credibilidade à fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado? Ele passou mais de 100 dias preso, e só assim conseguiu seu acordo de colaboração premiada”, disse Lima, ressaltando que as mudanças nas versões apresentadas por Cid fragilizam sua colaboração.
O advogado reforçou que sua prioridade no momento é acessar integralmente os autos da investigação, que ainda não foram disponibilizados à defesa. Segundo ele, a falta de acesso às provas inviabiliza uma estratégia de defesa adequada. “Eu não tenho como entrar num detalhe de uma mensagem que pode estar completamente fora de contexto e aqui fazer uma linha de defesa técnica de uma prova e de um documento que eu não tive nenhum acesso”, afirmou.
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De acordo com Lima, Cid mudou de versão ao longo de 11 depoimentos, acrescentando novos elementos em momentos cruciais para manter os benefícios do acordo de colaboração premiada. O advogado sugeriu que Cid teria sido coagido pelas circunstâncias, especialmente após passar 129 dias preso. “Como é que pode dar credibilidade a uma fala de um sujeito que mentiu o tempo inteiro e estava desesperado? Ele passou mais de 100 dias preso, e só assim conseguiu seu acordo de colaboração premiada”, afirmou Oliveira Lima.
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