A Polícia Federal prendeu, na noite de domingo (22), o líder indígena e pastor evangélico José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Sererê Xavante. Foragido desde julho, ele foi detido na fronteira entre Brasil e Argentina, em Foz do Iguaçu (PR). A ordem de prisão foi emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após Serere descumprir medidas cautelares.
Atualmente detido na delegacia da PF em Foz do Iguaçu, o líder indígena passou por audiência de custódia nesta segunda e teve a prisão mantida pela Justiça. Segundo a PF, ele faz parte de um grupo de cerca de 60 brasileiros investigados por envolvimento em atos golpistas, incluindo os ocorridos em 8 de janeiro de 2023, que fugiram para a Argentina após romperem tornozeleiras eletrônicas.
Serere é acusado de organizar atos antidemocráticos em Brasília no fim de 2022, após o resultado das eleições. As investigações apontam que ele liderou manifestações ilegais em locais como o Congresso Nacional, o aeroporto de Brasília e as proximidades do hotel onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou hospedado antes da posse para o terceiro mandato.
José Acácio Serere Xavante foi preso em dezembro de 2022 e permaneceu detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, por cerca de nove meses. Durante o período, sua esposa, Sueli Xavante, chegou a afirmar que ele havia sofrido um infarto na prisão, informação desmentida pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) do Distrito Federal. Em setembro de 2023, foi liberado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, com a obrigação de usar tornozeleira eletrônica e responder ao processo em liberdade.
No entanto, em 2024, Sererê rompeu o dispositivo e fugiu para a Argentina, onde pediu refúgio. Sua captura em Puerto Iguazú gerou um impasse diplomático, com autoridades brasileiras afirmando que ele foi preso em território nacional, enquanto sua defesa alegou irregularidades na detenção. Apesar disso, o cacique foi transferido para o Brasil e aguarda julgamento em Foz do Iguaçu.
Trajetória controversa
José Acácio Serere Xavante, natural de Mato Grosso, é líder indígena do povo Xavante e pastor evangélico. Fundador da Missão Tsihorira & Pahoriware - Mitsipe e da Associação Indígena Bruno Omore Dumhiwe, Sererê também se envolveu na política, filiando-se ao Patriota e disputando as eleições para prefeito de Campinápolis (MT) em 2020. Apesar de obter 689 votos, equivalentes a 9,7% dos votos válidos, não foi eleito.
Em 2022, Sererê ganhou visibilidade nacional ao se posicionar contra o resultado das eleições presidenciais que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva. Declaradamente bolsonarista, ele organizou manifestações em Brasília, incluindo atos no aeroporto e na Esplanada dos Ministérios, onde fez discursos inflamados contra ministros do STF e do TSE. Durante as manifestações, acusou fraudes eleitorais e atacou verbalmente o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de "bandido e ladrão".
Os protestos liderados por Sererê culminaram em episódios violentos, como a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal em 12 de dezembro de 2022. O ato resultou na queima de veículos e na depredação de ônibus. Diante da gravidade dos eventos, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República e decretou a prisão temporária de Sererê, acusando-o de incitar atos antidemocráticos e colocar em risco a segurança institucional do país.
* Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Sousa