A Polícia Federal iniciou, nesta terça-feira (17), a realização de perícia no celular do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto. Ele está preso desde o sábado (14), por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão da acusação de tentativa de interferir nas investigações sobre um golpe de Estado.
Os investigadores estão coletando conversas, fotos, vídeos e outros arquivos, inclusive dados que podem ter sido apagados, para ter mais material para incluir nas investigações. Além do aparelho celular de Braga Netto, os peritos também avaliam o material no celular do coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino - que já atuou no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e no Ministério da Defesa.
A previsão é de que a perícia termine até o final desta semana. Com a conclusão da análise do material, a corporação deve marcar para semana que vem o depoimento de Braga Netto, para que ele explique as acusações que pesam contra ele e informe se está ou não disposto a colaborar com as autoridades.
A expectativa é de que o material recuperado no aparelho celular do ex-ministro permita o avanço das diligências e possam gerar novos desdobramentos em operações policiais nas próximas semanas.
Braga Netto está preso em um batalhão do Exército no Rio de Janeiro. A caserna chegou a avaliar a possibilidade de que ele fosse transferido para Brasília, para ser alocado em um quartel preparado para atender generais quatro estrelas. Porém, no momento, esta ideia está fora de cogitação.
Heleno
Em Brasília, uma certa euforia tomou conta de oficiais do Exército. Na caserna circula a informação de que o general Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e nome próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro, seja preso preventivamente. O temor é de que tenham conversas recentes dele com Braga Netto.
Ambos estão proibidos de se comunicarem sem autorização da Justiça por serem investigados no mesmo inquérito. Em contato com a reportagem, oficiais do alto escalão da força-terrestre afirmaram que a eventual prisão de Heleno traria grande incômodo por ocorrer na sequência da detenção de outro general.
Heleno tem influência no meio militar. Fontes na Polícia Federal, ouvidas pela reportagem sob a condição de anonimato, informaram que até o momento não existe nenhum pedido da corporação pela prisão de Heleno, nem ordem do Supremo. Porém, não descartam que a situação mude a depender do surgimento de novos elementos, inclusive relacionados a dados identificados no celular de Braga Netto. A reportagem não conseguiu contato com Heleno para que ele comente o caso.