O PT abriu, nesta quinta-feira (5/12), em Brasília, um amplo processo de discussão sobre os rumos do partido até as eleições gerais de 2026. Com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva prestes a completar dois anos, e depois de uma eleição municipal que consagrou o avanço dos partidos de direita, o PT tenta diagnosticar os problemas e identificar formas de se reconectar com o eleitorado. O seminário “A realidade brasileira”, promovido pela Fundação Perseu Abramo, marca o início desse processo de reorganização.
Os temas em debate mostram a preocupação da cúpula petista em “aperfeiçoar o discurso” sobre questões contemporâneas, como as transformações do mundo do trabalho, a comunicação em tempos de redes sociais e o papel do Brasil na nova geopolítica global.
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O seminário foi organizado a pedido da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, preocupada com os recados das eleições municipais. Uma das principais preocupações dos dirigentes do PT é reconquistar a protagonismo no debate sobre o novo mercado de trabalho, com uma atenção especial ao empreendedorismo.
Outra avaliação que o partido vai fazer diz respeito à comunicação e ao avanço da direita nas redes sociais.
“Esse é o início de um processo que vai se desdobrar depois das festas de fim de ano em reuniões por todo o Brasil. Nós temos um problema sério no país, que é o avanço da extrema-direita, a tentativa de golpe, e essa nova situação que estamos vivendo a partir da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos. E precisamos avaliar as eleições de 2024, como retomar nosso caminho de crescimento”, disse ao Correio o ex-ministro José Dirceu, um dos políticos mais prestigiados no encontro petista.
“Essa é a fortaleza do PT, o partido que debate, que formula. Nunca vi tantos jovens como na última campanha. Estamos passando por um processo de renovação grande, as pessoas estão se reconectando”, disse à reportagem o líder do partido na Câmara, José Guimarães (CE).
Renovação
Essa renovação passará pela troca de comando na legenda, em julho do ano que vem. O processo de eleições internas para a sucessão de Gleisi Hoffmann será deflagrado neste sábado (7/12), em Brasília, na reunião do Diretório Nacional do PT.
Na abertura do seminário, a palavra “reconexão” e suas variações foram repetidas em praticamente todos os discursos. Lula ainda tem dois anos de governo e, nesse tempo, o PT quer pavimentar o caminho para as próximas eleições. Mas, antes, precisa saber o que aconteceu com a esquerda brasileira, que perdeu espaço nas últimas disputas municipais.
Essa reconexão com o eleitor também foi reforçada por Gleisi Hoffmann, na abertura do evento. “Temos sim que atualizar nossa posições, mas sem esquecer a razão de ainda estarmos aqui”, disse ela, em um trecho do discurso. “Vamos fazer uma reflexão sobre o PT, pra que serve o partido que fundamos”, concluiu.