Imunidade Parlamentar

Bolsonaro diz que diretor da PF se deixou contaminar por "questões ideológicas"

Ex-presidente comentou o indiciamento de deputados por falas na Câmara e as falas de Andrei Rodrigues, que disse que não existe imunidade absoluta de parlamentares

Bolsonaro disse que Andrei Rodrigues
Bolsonaro disse que Andrei Rodrigues "se intrometeu" em questões internas do Legislativo - (crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quinta-feira (5/12), que o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, foi contaminado por “questões ideológicas e político partidárias”. A declaração foi dada em resposta às falas do diretor, que na quarta-feira (4) afirmou que não existe imunidade absoluta de parlamentares.

O contexto é o indiciamento, pela PF, dos deputados Marcel van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto (PL-PB). No caso do deputado do Rio Grande do Sul, o indiciamento foi por críticas ao delegado da Polícia Federal Fábio Schor, a quem chamou de “bandido”. A polícia acredita que o parlamentar cometeu crime contra a honra do delegado.

“Era só o que faltava: o Diretor-Geral da Polícia Federal agora acha que pode ‘rebater’ e ensinar ao Presidente da Câmara dos Deputados o que é imunidade parlamentar, o que é liberdade de expressão e o que os deputados podem ou não falar na tribuna”, escreveu Bolsonaro.

“Um subordinado do Executivo está desrespeitando o presidente da Câmara, ignorando a separação de poderes, se intrometendo em questões internas ao Legislativo e afrontando diretamente um dos direitos mais sagrados da democracia: a palavra livre dos representantes do povo”, continuou.

O ex-presidente disse, ainda, se solidarizar com Arthur Lira e com os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho dele – que a PF disse ter cometido crime de injúria contra o mesmo delegado, mas sem indiciamento –; Marcel van Hattem e Cabo Gilberto.

“Todos os parlamentares, independente de partido político ou eventuais divergências, precisam reafirmar a independência do Legislativo e exigir o respeito inegociável às suas prerrogativas constitucionais, principalmente por parte do diretor-geral da Polícia Federal, que exerce uma função que não pode continuar sendo contaminada por questões ideológicas e político-partidárias”, disse Bolsonaro. Confira a publicação:

No perfil no X (ex-Twitter), Marcel van Hattem agradeceu ao apoio de Bolsonaro. “Perseguição de opositores e ataque ao Parlamento é coisa de ditadura. O Estado Policial do Lula precisa ser contido, imediatamente!”, disse.

Entenda o caso

O deputado Marcel van Hattem acusou o delegado da PF Fábio Schor de ter produzido “relatórios fraudulentos” contra Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro que foi preso em fevereiro deste ano na operação Tempus Veritatis, por suposta participação em um plano de golpe de estado. Também chamou Fábio Schor de “bandido”.

Depois do indiciamento pela PF, van Hattem usou um discurso durante uma audiência na Câmara para fazer novas críticas à corporação e, desta vez, diretamente ao diretor Andrei Rodrigues, que estava presente.

“Se há entendimento de que eu estou cometendo um crime contra a honra, por que o seu chefe da Polícia Federal, diretor Andrei, que está aqui, não me prende agora? Se é um crime contra a honra que eu estou cometendo, que me prenda”, disse ele ao ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), que participava da audiência.

postado em 05/12/2024 18:14 / atualizado em 05/12/2024 19:24
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