Gravações obtidas pela Polícia Federal no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado apontam que alguns membros das Forças Armadas do Exército estariam a postos para deflagrar ação golpista. Em áudio, o general Mario Fernandes, ex-assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ), afirmou que os militares estariam “esperando a decisão política”.
Segundo o investigado, preso em 19 de novembro em ação da Operação Contragolpe, havia militares contrários ao golpe, mas esses seriam minoria. “Tem os dissidentes, os filho da p*ta lá, já está comprovado”, afirmou. “Cinco caras não iam interferir tanto assim”, completou
Fernandes ainda declarou que a decisão estava nas mãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "P*rra, o presidente (Bolsonaro) tem que decidir e assinar essa m*rda", disse.
As falas fazem parte de um conjunto de mais de 50 áudios obtidos pela Polícia Federal. Nas gravações, que o Correio teve acesso, o tenente-coronel Mauro Cid — que na época era ajudante de ordens de Jair Bolsonaro —, o general Mario Fernandes, o coronel Reginaldo Vieira de Abreu e o coronel Roberto Raimundo Criscuoli discutem um golpe de Estado para impedir que Lula assumisse à presidência da República.
Guerra civil contra "os vermelhos"
Em áudio enviado ao general Mario Fernandes, o coronel Roberto Raimundo Criscuoli ressalta que a intervenção militar deveria ser feita de imediato.
"Vai ser guerra civil agora ou vai ser guerra civil depois, só que a guerra civil agora tem uma justificativa, o povo está na rua, nós temos aquele apoio maciço. Daqui a pouco nós vamos entrar em uma guerra civil, porque, daqui uns meses, esse cara vai destruir o exército, vai destruir tudo", afirmou.
O coronel diz que a guerra civil será contra "os vermelhos" — termo usado por bolsonaristas para descrever "comunistas" ou "petistas". "O presidente (Bolsonaro) não pode pagar para ver. Ele (Lula) vai destruir o nosso país. Vai esperar virar uma Venezuela pra virar o jogo? Democrata é o cacete, não tem que ser mais democrata agora. 'Ah, não vou sair das quatro linhas', acabou o jogo!. Não tem mais quatro linhas, o povo na rua tá pedindo pelo amor de Deus", disse Criscuoli.
Confira o áudio: