Ataques aos Três Poderes

Brasília tem histórico de atos de extremismo político; relembre os casos

Lista tem até sequestro de um avião de passageiros para que fosse arremessado contra o Palácio do Planalto

A sequência de explosões que isolou a Praça dos Três Poderes na noite do último dia 13 entra para a lista de incidentes que trouxeram pânico à capital federal na história recente do país. Nessa relação estão desde o sequestro de um avião de passageiros para que fosse arremessado contra o Palácio do Planalto (nos mesmos moldes dos ataques terroristas ao World Trade Center, em Nova York, em 11 de setembro de 2001, no qual morreram 2.996 pessoas) à balbúrdia na noite de 12 de dezembro de 2022 — quando tentaram invadir a sede da Polícia Federal e jogar um ônibus de um viaduto no centro da capital, além da tentativa de subir a rampa da sede do governo federal com um coletivo roubado na rodoviária do Plano Piloto. Eis a lista.

Sequestro do voo 375

Em 29 de setembro de 1988, Raimundo Nonato Alves da Conceição, desempregado e endividado, sequestrou um Boeing 737 da extinta Vasp durante um voo entre Porto Velho e o Rio de Janeiro. Armado com um revólver, ele exigiu que o avião fosse jogado contra o Palácio do Planalto, em Brasília, em retaliação ao governo do então presidente José Sarney, a quem culpava por sua situação financeira.

O copiloto Salvador Evangelista foi morto com um tiro na cabeça, mas o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva permaneceu calmo e conduziu o avião sobre Brasília, sem permitir que o sequestrador localizasse o Palácio. Enquanto dois caças da Força Aérea monitoravam a aeronave, o piloto, ciente do pouco combustível, executou uma manobra aérea para imobilizar o sequestrador, que bateu a cabeça e perdeu a consciência.

Após quatro horas de tensão nos céus, o comandante Francisco conseguiu pousar o Boeing em Goiânia. Nonato recobrou a consciência e retomou o controle da situação, libertando alguns passageiros feridos, mas ainda mantendo 90 reféns sob seu poder por mais cinco horas. O sequestro tornou-se filme, lançado no ano passado.

Um ônibus contra o Palácio do Planalto

Em 30 de maio de 1989, o motorista João Antônio Gomes roubou um coletivo na estação rodoviária e, sem enfrentar obstáculos, dirigiu até o Planalto. Por volta das 18h, ele invadiu o salão principal do Palácio com o veículo, causando destruição ao longo de 20 metros (foto). O incidente não deixou vítimas, mas arrancou vidraças, parte do teto e estruturas de alumínio até o ônibus se chocar contra uma coluna.

O presidente José Sarney, que retornava de uma viagem ao interior de Minas Gerais, foi informado do ocorrido pelo chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Ivan de Souza Mendes. A Polícia Federal inspecionou o ônibus em busca de explosivos, mas nada foi encontrado. João Antonio estava alcoolizado e foi facilmente contido por quatro agentes da portaria, que, inicialmente, entraram em pânico ao ver o veículo subir a calçada pela contramão.

Soldados armados do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) só apareceram cerca de 10 min depois, quando o Palácio foi cercado. Em março do mesmo ano, um automóvel invadiu a entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, enquanto Sarney dormia. O portão foi danificado e o motorista também foi considerado alcoolizado.

Tentativa de invasão da sede da PF

Na noite de 12 de dezembro de 2022, por volta das 20h, a área central de Brasília foi tomada por centenas de bolsonaristas, saídos do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. Eles promoveram uma série de depredações sob o pretexto de protestar contra a prisão de José Acácio Tserere Xavante, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O grupo depredou e incendiou veículos, tentou jogar um ônibus de cima de um viaduto e pretendia invadir a sede da Polícia Federal, para onde o indígena foi levado. Foi contido a poucos metros do prédio da PF pela tropa de choque da Polícia Militar do Distrito Federal, que demorou a agir contra a baderna. Ninguém foi preso.

Atentado a bomba no aeroporto de Brasília

Em 24 de dezembro de 2022, a Polícia Militar do Distrito Federal encontrou e desativou um explosivo deixado próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, na Estrada Parque Aeroporto. O artefato (foto) estava em um caminhão-tanque próximo ao canteiro central da via. Equipes da PMDF, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e PF atuaram em conjunto para neutralizá-lo.

As investigações indicaram que o plano foi traçado em um acampamento em frente ao QG do Exército, frequentado por apoiadores radicais de Bolsonaro com intenções golpistas. Inicialmente, o objetivo era colocar a bomba perto de um poste de energia para afetar o fornecimento elétrico na cidade. Mas os criminosos decidiram instalar o artefato em um caminhão carregado de querosene de aviação. O motorista do veículo notou um "objeto estranho" e alertou a polícia, que detonou o explosivo sem comprometer as operações do aeroporto.

Tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023

Por volta das 15h deste dia, um domingo, cerca de 3,9 mil apoiadores radicais de Bolsonaro avançaram sobre a Esplanada dos Ministérios e, pouco depois, vandalizaram os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto. Imagens mostram a PMDF oferecendo pouca resistência, permitindo que os extremistas ultrapassassem as barreiras de segurança e invadissem os edifícios públicos. No mesmo dia, 209 pessoas foram presas em flagrante e o número de detidos aumentou nos dias seguintes.

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