CONGRESSO

Rever subsídios é mais importante que cortar gastos, diz deputado do PT

Alencar Santana (PT-SP) diz temer que os cortes possam prejudicar a população mais pobre e defende taxar grandes rendas

Por Israel Medeiros — Diante da indefinição que já dura semanas sobre o pacote de corte de gastos que o governo estuda, o deputado Alencar Santana (PT-SP) se diz preocupado com o efeito que eventuais cortes de gastos podem ter na população mais carente. "Nós gostaríamos que não houvesse cortes (...) Não dá para dizer que o problema do país são os programas sociais", disse ao Correio.

"O governo do presidente Lula sempre mostrou um comprometimento com a área fiscal. Mas nós temos vários subsídios na agricultura, no setor econômico, e há gente que não paga tributo como o trabalhador paga", afirma o congressista.

Para Alencar Santana, uma solução mais “justa” para melhorar as contas públicas sem prejudicar a população mais carente seria avançar na taxação de grandes rendas. Em outubro, a Câmara rejeitou a taxação de grandes fortunas (um assunto diferente) durante a discussão da regulamentação da reforma tributária.

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Essa taxação também é uma pauta do governo Lula, que deve propor a criação de um imposto global sobre os super-ricos no G20, a ser realizado em 18 e 19 de novembro.

Posição do PT

No domingo (10), o PT assinou um manifesto contra o corte de gastos.Também assinam o PCdoB, o PSOL e outras 43 organizações e movimentos sociais. O documento diz que o governo tem sido constrangido a cortar estruturalmente recursos orçamentários e outras fontes de financiamento de políticas públicas.

O documento critica players do mercado financeiro e diz que “agora querem cortar na carne da maioria do povo, avançando seu facão sobre conquistas históricas como o reajuste real do salário mínimo”. Também culpa a taxa de juros pelo crescimento da dívida pública.

O manifesto vai na mesma linha defendida pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann. Em entrevista à TV Fórum nesta segunda, a congressista também apontou a taxa básica de juros como o grande problema para a política fiscal. Disse, também, que Lula não pode abrir mão das políticas públicas que o elegeram.

“É claro que o presidente Lula tem responsabilidade fiscal. Aliás, foi um dos presidentes que mais atestou isso durante seus mandatos, e continua tendo. Agora não podem querer que o presidente Lula se suicide, abra mão daquelas questões que são estruturais, programáticas e até de vida na sua defesa”, disse Hoffmann.

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